Seminário “Falar da Morte Para Gerar Vida” marca na
Defensoria o Dia da Memória Trans

 

O índice de pessoas mortas por transfobia no Brasil é alarmante e mais uma vez coloca o país no topo do ranking dos que mais registram casos do tipo. Foram 132 assassinatos de outubro de 2018 a setembro de 2019 (de acordo com a Transgender Europe) – e 163 em todo o ano de 2018 – conforme levantamento da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA), que aponta o país como o que mais registrou esse tipo de crime no mundo. Os dados estiveram em debate na Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro (DPRJ) em seminário realizado na tarde desta quinta-feira (28). Na ocasiáo, também foi lançado um convênio da instituição, com organizações da sociedade civil, para a pesquisa de dados sobre violência contra a população LGBTI+. Os dados levantados pelas organizações serão compilados pela Defensoria visando principalmente a aplicação de políticas públicas.

Com início às 14h no auditório do 2º andar da sede da DPRJ (Avenida Marechal Câmara 314, no Centro do Rio), o seminário “Falar da Morte Para Gerar Vida” marcou na Defensoria o Dia da Memória Trans (comemorado em 20 de novembro) com a apresentação dos dados pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) seguido de debate com especialistas e do lançamento do convênio. De acordo com a pesquisa, dos 314 casos registrados em 74 países entre 1º de outubro de 2018 e 30 de setembro de 2019, 132 ocorreram no Brasil; 65 no México; e 31 nos Estados Unidos. O evento contou ainda com a presença do coordenador do Observatório da Violência contra Pessoas LGBTI na América Latina e Caribe, David Alonzo, que também é membro da ONG Colômbia Diversa.

– O Brasil, infelizmente, é o país que mais mata pessoas trans no mundo, com índices muitos mais altos do que os países que o seguem. São mortes violentas, cruéis, que muitas vezes sequer chegam a ser notificadas aos órgãos públicos ou, quando chegam, não observam a verdadeira identidade de gênero das vítimas. Esses altos índices de violência abrangem também os demais segmentos da comunidade LGBTI+ e, por isso, o debate sobre o tema é extremamente importante – destaca a coordenadora do Núcleo de Defesa da Diversidade Sexual e Direito Homoafetivo da Defensoria (Nudversis), Letícia Oliveira Furtado. “Vamos discutir com representantes da sociedade civil políticas públicas de combate à violência contra a população LGBTI+ e o que significam esses índices – observa.

Além de David Alonzo e de Letícia Furtado, participaram dos debates Bruna Benevides, autora do Dossiê dos assassinatos de travestis e transexuais brasileiras e também secretária da Antra e integrante da Rede Nacional de Operadores de Segurança Pública LGBT; de Maria Eduarda Aguiar, co-autora do dossiê LGBTI+ do Estado do Rio de Janeiro e presidenta do Grupo Pela Vida Rio; e de Alessandra Ramos Makkeda, assessora parlamentar e coordenadora do Instituto Transformar Shelida Ayana.

Com moderação do Organizador do Portal Transgeneros/Br, Theo Souza, o debate também contou com a participação da diretora geral do Grupo Conexão G de Cidadania LGBT de Favelas, Gilmara Cunha (a primeira trans a receber a Medalha Tiradentes da Alerj).

O seminário tem o apoio do Centro de Estudos Jurídicos (Cejur); da Fesudeperj; da Associação dos Defensores Públicos do Estado do Rio de Janeiro (Adperj); e de outras instituições.

Texto: Bruno Cunha

Fotos: Jaqueline Banai

 

O seminário aconteceu na sexta-feira (29)

 



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