A vulnerabilidade da mulher negra foi o tema da 4ª Marcha da Defensoria Publica Contra a Desigualdade Racial, realizada na sede da Instituição na quarta-feira, 19, véspera do Dia da Consciência Negra. O Defensor Geral, Nilson Bruno, destacou no evento as ações afirmativas promovidas em sua gestão. “Não tenho a pretensão de acabar com o preconceito, com o racismo, mas pode-se exigir respeito e igualdade”, resumiu. Segundo ele, a isonomia nasce da oportunidade, daí a importância das cotas raciais.

A 1ª Subdefensora Geral, Maria Luiza de Luna, enfatizou que a Defensoria Pública assiste, em grande parte, mulheres negras e pobres, portanto vulneráveis sob diversos aspectos. A Subdefensora fez questão também de lembrar o nome de várias mulheres negras, brasileiras e de outras nacionalidades, merecedoras de destaque e homenagem.

A coordenadora do Núcleo de Defesa dos Direitos da Mulher Vítima de Violência (Nudem), Clara Prazeres, primeira a falar no evento, também destacou a diferença de salários pagos a brancas e negras, lembrando que as negras também são as maiores vítimas do tráfico sexual e de estupros. Ela também mencionou que é “missão institucional da Defensoria Pública se tornar a casa de todos”.

A desembargadora Ivone Caetano, primeira negra no Rio de Janeiro a assumir o cargo, e aposentada há pouco, ressaltou que as mulheres devem fazer com que seus filhos tenham autoestima e se orgulhem de serem negros. O desembargador Paulo Rangel frisou que a educação, inclusive com inserção no currículo escolar de matérias que contem a história dos negros, é a principal ferramenta contra o racismo.

O secretário estadual de Assistência Social e Direitos Humanos, José Carlos Mariano, saudou a “sensibilidade” da Defensoria na escolha do tema em debate, acrescentando que só “educação, tempo e persistência”, somadas a iniciativas como o sistema de cotas, reduzirão o preconceito. Ele destacou ainda que a gestão Nilson Bruno “fez da Defensoria do Rio uma referência nacional”.

Coube à médica e advogada Berenice Aguiar, da Comissão de Igualdade Racial da OAB, frisar o quanto a mulher negra está em desvantagem em relação à mulher branca quando se trata de mercado de trabalho, saúde, escolaridade, pobreza e etc, segundo dados recentes do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).


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