Nascida e criada em Irajá, a assistente social Moema Bastos iniciou sua vida profissional aos 19 anos como assistente administrativa. Antes de trabalhar como assistente social, Moema trabalhou na administração de um condomínio, no RH de uma construtora e até no setor administrativo de uma importadora de incensos. O desejo de ingressar na universidade veio um pouco mais tarde e significou para Moema uma forma de conquistar independência e novos aprendizados.
Nos últimos 12 anos, Moema dedicou sua vida a acompanhar, analisar e dar suporte a pessoas em situação de vulnerabilidade social. Na Defensoria Pública do Rio de Janeiro desde 2012, os seus primeiros anos na profissão foram pelos corredores do Centro de Atendimento Intensivo do Degase em Belford Roxo, na Baixada Fluminense. Lá, Moema viu de perto a dura realidade de jovens que, por conta de suas precárias condições de vida, acabaram entre os muros da instituição. Especialista em Atendimento a Crianças e Adolescentes vítimas de Violência Doméstica pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), a experiência no Degase rendeu a Moema o contato com histórias mais variadas possíveis. Apesar da dura realidade que encara no dia-a-dia, Moema afirma, com certa tranquilidade, que é importante manter a esperança e estar atento às alternativas que possam melhorar a vida da população mais vulnerável.
– Uma das funções do Serviço Social é propor alternativas para melhorar o atendimento a população e dar suporte aos usuários das instituições públicas – declarou para o Servidor em Foco.
Nos últimos sete anos, Moema trabalha como assistente social no Núcleo de Defesa dos Direitos da Mulher (Nudem), um dos núcleos especializados da DPRJ. Durante a entrevista, que aconteceu nas dependências da sede da Defensoria Pública, Moema explicou todo o funcionamento de atendimento às mulheres que buscam o Núcleo. Em contato frequente com mulheres vítimas das mais diversas formas de violência, Moema acredita na importância de se ter uma postura atenta e acolhedora diante das histórias de vida das usuárias do Nudem. Segundo a servidora, diante de situações traumáticas, muitas mulheres apresentam dificuldades em relatar suas experiências.
– Nós precisamos entender nas entrelinhas o que a usuária quer dizer, mas não consegue verbalizar. Precisamos entender a situação da mulher vítima de violência de gênero com muita cautela – contou.
Os casos relatados pela assistente social revelam não só o nível de gravidade das agressões que, segundo Moema, apresentaram nos últimos anos, um aumento relevante; mas também o desconhecimento dessas mulheres sobre a situação na qual estão inseridas. Segundo Moema, muitas delas sentem-se obrigadas a suportar situações de violência e abuso por acreditarem que esses eventos fazem parte da relação matrimonial.
– O que tentamos fazer é estimular que a mulher vítima de agressão conscientize-se sobre sua situação e consiga identificar comportamentos abusivos – afirmou.
No núcleo, Moema é responsável pela atenção às mulheres que buscam atendimento, analisando as histórias e condições psicossociais de cada uma delas. A partir da avaliação realizada pela assistente social, uma rede enorme de assistência pode ser mobilizada. Moema faz questão de ressaltar que o apoio às mulheres que buscam o Nudem acontece de forma coletiva e interdisciplinar. Não à toa, horas antes do nosso encontro, Moema ajudava a organizar o VII Encontro Nudem, que reuniu aproximadamente 50 pessoas entre assistentes sociais, defensoras públicas, integrantes dos Centros Integrados de Atendimento à Mulher (CIAM) do estado do Rio e membros dos diversos Juizados da Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher (JVDFM) da capital.
Moema segue se qualificando e recentemente ingressou em seu segundo curso de especialização. Dessa vez, a pós-graduação escolhida pela assistente social é a de Gênero e Direito da Escola de Magistratura do Estado do Rio de Janeiro (EMERJ).
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