Projeto voltado ao diálogo para a prevenção de conflitos
reuniu cerca de 120 educadores em sua segunda edição do ano

 

O comportamento introspectivo e isolado e em alguns casos até agressivo de alunos na escola muitas vezes requer bastante atenção dos educadores que, nesta segunda (17), participaram da segunda edição do ano do projeto “Defensoria Cumprindo o Seu Papel na Educação”. Apontando principalmente para a incidência de casos de depressão no ambiente escolar, diretores, coordenadores e orientadores educacionais da Regional Metropolitana II participaram da iniciativa realizada em parceria com a Secretaria Estadual de Educação (SEEDUC) e que, entre outros pontos, leva educação em direitos aos profissionais do setor também promovendo o diálogo em relação à prevenção de conflitos.

Lançado em maio na rede estadual de ensino, o projeto até então realizado em âmbito municipal dialoga com os profissionais da Educação sobre temas comuns ao ambiente escolar como, por exemplo, a conciliação e a mediação de conflitos; os direitos da mulher; e os direitos da Criança e do Adolescente. Reunindo educadores de Niterói e da Região Oceânica na primeira edição do ano, a iniciativa dessa vez aconteceu no Instituto de Educação Clélia Nanci para cerca de 120 profissionais atuantes em São Gonçalo e Itaboraí.

– A gente trabalha junto às famílias as questões percebidas ou recebidas pela direção da escola porque o diálogo é muito importante, e recentemente atendemos o caso de um aluno referente à disputa judicial por sua guarda, conforme requerido à Justiça pelo pai. A criança sofre com isso e na escola está sempre calada e de cabeça baixa. Os pais precisam ter um cuidado especial nesse sentido – ressalta Maria das Graças Francisco, diretora do Colégio Estadual Doutor Humberto Soeiro de Carvalho, no bairro Jockey Club.

Para a chefe de gabinete da DPRJ, Carolina Anastácio, as situações envolvendo conflitos familiares e os demais temas escolhidos para a programação do evento muitas vezes aparecem primeiro na escola por meio do comportamento do aluno. Segundo a defensora, é fundamental o trabalho dos educadores junto aos estudantes.

– A experiência entre nós aqui no evento é recíproca porque temos muito a aprender com vocês. A Defensoria acredita muito na Educação como ferramenta de transformação social e sabe como os educadores precisam de valorização. Estamos nos colocando como parceiros de vocês para que juntos possamos construir bons caminhos – destacou Carolina na abertura do seminário.

A coordenadora da Infância e Juventude da DPRJ, Lara Alondra, disse na ocasião que a atenção ao autocuidado dos profissionais da Educação é muito importante, já que todos são bastante impactados com os conflitos em andamento na comunidade escolar.

– É claro que o profissional da Educação merece atenção do Estado e dos gestores da área, mas não pode deixar de se cuidar esperando por essa atenção. Antes de mais nada, é preciso pensar nisso porque cuidando de si vocês também estarão cuidando do todo. É preciso lutar para que o autocuidado esteja presente na vida de cada um de vocês – ressaltou Lara.

Em sua fala, a subsecretária de Gestão de Ensino da SEEDUC, Claudia Raybolt, chamou atenção para a importância do diálogo e da mediação de conflitos nos casos referentes ao ambiente letivo.

– É muito importante entender que os conflitos acontecem a todo o instante e em qualquer lugar, e que o melhor a fazer é conversar. Há a expectativa de que a mediação vai resolver o conflito e não é bem assim. O primeiro objetivo da mediação é fazer com que as pessoas possam ter diálogo e voltem a conversar. É preciso ouvir o outro, e quanto mais aprendemos e estudamos, mais nos apropriamos dessas ferramentas – observou.

Mais de 100 casos de violência nas escolas desde janeiro

Mais de 100 casos de violência foram registrados nas escolas desde o início do ano e a situação tem preocupado a SEEDUC. Chamando atenção dos educadores nesse sentido, o coordenador de Gestão Intersetorial da secretaria, Charles Castro, falou sobre a importância do encontro a partir da perspectiva da prevenção.

– Iniciamos 2019 com muitas questões complexas envolvendo estudantes e problemas relacionados a violações de direitos e outras demandas, e por isso pensamos em alternativas como essa de hoje. Os conflitos são inerentes à sociedade e às relações humanas e sempre acontecerão, e a questão é administrá-los. Quando a gente percebe as possibilidades de prevenção, os impactos são minimizados – disse.

O diálogo como ferramenta apropiada à mediação de conflitos é sempre usado no Colégio Estadual Manuel da Nóbrega, no bairro Brasilândia. À frentre da direção-geral da unidade, Roseleia Menezes ressaltou que a conversa é prioridade em meio aos problemas relacionados aos 760 alunos matriculados na escola.

– Muitos não têm família estruturada e sofrem com isso. Mas estamos sempre atentos e prontos para uma boa conversa com eles e os pais, inclusive buscando a mediação, quando necessário – destaca.

Observando a incidência de casos de depressão a partir dos últimos cinco anos, a orientadora educacional Deise Luci de Brito preocupa-se com situações do tipo como a atualmente atendida em relação a uma aluna do Colégio Estadual Alecrim, em Monjolos. Segundo ela, a aluna em depressão já tentou suicídio duas vezes.

– Os problemas familiares são grandes influenciadores nesses casos e isso preocupa bastante a escola. Nós, da equipe escolar, somos todos amigos dos alunos e tanto eles quantos os pais costumam nos procurar para uma conversa. O diálogo é a base de tudo – ressalta.

Apresentação de coral abriu o evento

Iniciado às 8h30, o evento foi aberto pelo coral “Clave de Sol”, do CIEP João Batista Caffaro, em Tanguá, e contou ainda na mesa de abertura com a presença da diretora de Capacitação do Centro de Estudos Jurídicos (CEJUR), Adriana Britto; da subouvidora geral, Karina Jasmin; da diretora regional pedagógica da SEEDUC, Ana Paula Quadros; e do diretor do Instituto de Educação Clélia Nanci, Renato do Carmo.

Em seguida, foi apresentada a palestra “Prevenção e Transformação de Confitos” pela coordenadora de Mediação da DPRJ, Christiane Serra; pela subcoordenadora de Mediação, Júlia Luz; e pelo defensor público Daniel França, atuante na 2ª Vara de Família de Santa Cruz.

Houve ainda a apresentação da palestra “Conflito nas Relações Familiares” pela defensora Anik Albino Quintanilha e pelo defensor Carlos Ribeiro dos Santos Júnior; e o seminário contou ainda com a palestra “Estatuto da Criança e do Adolescente e Violência Contra a Mulher” apresentada pela defensora Maria Carmen de Sá e pela coordenadora de defesa dos Direitos da Mulher da Defensoria, Flávia Nascimento.

O projeto "Defensoria Cumprindo o Seu Papel na Educação" tem apoio do CEJUR e da Fundação Escola da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro (FESUDEPERJ).

Texto: Bruno Cunha

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Integrantes do Coral "Clave de Sol" fizeram a apresentação inicial

 

Em seguida, todo o coral cantou para os presentes

 



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