Há aproximadamente um ano e meio, Márcia Crispim, de 38 anos, vive entre as ruas da cidade e um abrigo na região central do Rio. Aluna do projeto Acelerando a Escolaridade, que oferece aulas de alfabetização e de disciplinas do ciclo básico para pessoas em situação de rua. Márcia demonstrou alegria com a parceria entre a Defensoria Pública, a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e o Conselho Regional de Odontologia do Rio de Janeiro (CRO-RJ) que irá viabilizar o tratamento odontológico dos alunos do projeto.
— Acredito que a iniciativa tenha sido bem recebida por todos. Principalmente por mim, porque o tratamento que eu preciso é maior e mais caro - disse Márcia.
Outro aluno do projeto, Marcos Silveira Cançado, de 44 anos, também acredita que a iniciativa será bem-vinda.
— A maioria com certeza se interessa. Quem mora na rua tem esse problema crônico - afirma.
Com a parceria, o projeto reforça sua preocupação em resgatar a cidadania das pessoas em situação de rua. A defensora pública Carolina Anastácio explica que, além das aulas de alfabetização e de disciplinas do ciclo básico escolar, aulas sobre saúde, bem-estar e cidadania também são oferecidas aos alunos.
—Fomos incorporando uma série de atividades ao longo das edições do projeto. O que pudermos oferecer para ajudar a resgatar a dignidade dessas pessoas é muito bem-vindo.
A parceria entre entre a Defensoria Pública, a UERJ e o COI-RJ surgiu após uma aula sobre saúde bucal oferecida aos alunos pelo cirurgião-dentista da Defensoria Pública Augusto Bessa. A aula ocorreu no início desse mês nas dependências da Defensoria, no centro do Rio. Para Bessa, o objetivo de trazer dignidade às pessoas em situação de vulnerabilidade social também perpassa sobre temas relacionados à saúde.
— O objetivo do projeto é trazer dignidade às pessoas. Essa é a preocupação maior do Acelerando a Escolaridade e trazer dignidade à essa população envolve também o bem-estar e a saúde.
Além de uma questão de saúde, a higiene bucal é importante para o convívio social dessas pessoas que muitas vezes encontram dificuldades de acesso ao mercado de trabalho, por conta de seus problemas odontológicos.
— Eu preciso de tratamento dentário há muito tempo, principalmente por causa do mercado de trabalho. Muitas vagas que são voltadas para o comércio, não adianta nem tentar... e é no comércio que estão o maior número de vagas. O projeto vai me ajudar muito, porque vai tirar essa restrição que eu tenho no mercado de trabalho - afirma Márcia.
A parceria entre a Defensoria Pública do Rio de Janeiro, a UERJ e o CRO-RJ oferecerá tratamentos de maior complexidade como cirurgias, extrações e próteses dentárias. Os atendimentos serão realizados nas dependências da Faculdade de Odontologia da UERJ e a Defensoria Pública ficará responsável pela organização dos alunos e pelo transporte até a universidade.