O motivo pode ser apontado facilmente como um problema social. O fato é que a presença de população em situação de rua cresce e aparece praticamente por todo o mundo. O Rio de Janeiro não poderia ser exceção. A cada noite, o número de pessoas que dorme na calçada em frente à sede da Defensoria Pública aumenta. A falta de moradia é consequencia da frágil condição socioeconômica, agravada muitas vezes pelo alcoolismo, uso de drogas e distúrbios psicológicos e emocionais. Para mapear essa população, defensores públicos e servidores do Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos (Nudedh), com apoio de servidores da Campanha Institucional realizaram um ação social na nesta terça-feira (14).

De acordo com a defensora pública Carla Beatriz Nunes Maia, a ação da equipe, teve início às 21h e terminou na madrugada desta quarta-feira (15). O objetivo foi identificar e ouvir as necessidades das pessoas para dar o devido encaminhamento. “Observamos que alguns já podem sair das ruas num breve espaço de tempo. Inclusive um deles quer voltar à sua terra natal. Portanto, vamos fazer o encaminhamento para que ele seja inserido no Projeto De Volta à Terra Natal”, relata Carla Beatriz. Ela destaca outro caso em que precisa ter cadastro no Programa Bolsa Família.

As defensoras públicas Carla Beatriz Maia e Gislaine Carla Kepe Ferreira, os servidores Gabriela Veras Mourão e a equipe da Campanha Institucional, formada pelos servidores Fernando Barros e Yuri Cohen, ofereceram orientação jurídica e garantiram gratuidade para emissão de documentos. Em mais de três horas de mutirão, cerca de 100 moradores foram atendidos. “Fizemos expedição de ofícios para documentação registral, encaminhamentos para órgãos diversos e cadastramento de toda a população que estava no local. Com entrevista pormenorizada, bem como orientação jurídica apresentamos o trabalho exclusivo do Nudedh com essa parcela da população”, explica Carla Beatriz.

Concentrada e empolgada com a ação, a defensora Carla Beatriz julga que o principal benefício desse trabalho foi mostrar a essas pessoas que estão dormindo na rua que a Defensoria Pública as enxerga. “Elas precisavam saber que a nossa Instituição quer prestar a melhor assistência jurídica possível, minimizando os efeitos da dura realidade em que elas vivem”, analisa. Ela completa a avaliação afirmando que a Defensoria está presente e reconhece a condição de cidadão delas e vai trabalhar para resgatar a dignidade de cada uma.

Um dos casos que despertou a atenção da equipe foi a de uma adolescente transexual. A defensora Carla Beatriz conta que já na madrugada fez contato com uma família no verdadeiro sentido da palavra. “Uma adolescente transexual, acompanhada de seu namorado, e também de um homem que considera como pai ‘postiço’. Os três, ao relento, conseguem vivenciar um afeto verdadeiro uns pelo outros, patenteando uma ressignificação de ideias a respeito de muitas questões humanas” finaliza emocionada.



VOLTAR