A alienação parental e seus estigmas foi o tema da 2ª Reunião de Trabalho Ampliada da Defensoria Pública. O Núcleo de Defesa dos Direitos da Mulher (Nudem) organizou o  evento que aconteceu nesta sexta-feira (19), na sede da Defensoria Pública do Rio, e teve como palestrantes a juíza Maria Aglaé Tedesco Vilardo, titular da 15ª Vara de Família do Rio, e Ana Paula Meirelles Lewin, presidente da Comissão de Promoção e Defesa dos Direitos da Mulher do Condege.

A mediadadora, defensora pública Arlanza Maria Rodrigues Rebello, abriu o encontro lembrando do engajamento do Nudem com o tema, lembrando  que a desqualificação entre os genitores é fato antigo e que  ao ganhar uma "roupagem nova", traz estigmas contra a mulher que devem  ser afastados.

- O núcleo vem se preocupando com o tema da alienação, com suas consequências no dia a dia. Aqui no Brasil, esse é um tema ainda pouco discutido... E a ideia é de que a gente saia daqui cheios de dúvidas, percebendo que não existe uma receita. Cada caso é sempre novo e deve ser olhado com sensibilidade - disse Arlanza.

Ela passou a palavra, primeiramente, para Ana Paula Lewin, que relacionou a alienação parental à violência domestica e familiar contra  a mulher, realçando que em determinados contextos a alienação pode mascarar a violencia psicológica a que a mulher é exposta.

Em seguida, a juíza Maria Aglaé, reportando-se à Lei de Investigação de Paternidade, a da Alienação Parental e as de Guarda Compartilhada, demonstrou o quanto as mesmas acabam por reforçar os estereótipos ligados à  maternidade e paternidade, imputando à  fala da mulher a necessidade de comprovação em contraste com o que chamou de privilégio masculino, por exemplo,quando o homem " registra a criança se assim quiser", o que seria sim um abuso a ser questionado.

O evento teve a parceria do Centro de Estudos Jurídicos (Cejur) e da Fundação Escola da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro (Fesudeperj), deixando no ar a proposta de uma atuação da Defensoria Pública que, sob o olhar da desigualdade de gêneros, conduza à valorização da palavra da mulher  entre outras formas de combater uma legislação que prima por manter padrões de dominação masculina.

 



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