A atuação da Defensoria Pública em prol da infância e da juventude, os 25 anos do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), o papel do Poder Público e da sociedade civil na proteção de meninos e meninas, infratores ou vítimas de violência. Esses foram apenas alguns dos assuntos abordados em encontro entre a coordenadora da Coordenadoria de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente (Cdedica), Eufrásia Maria Souza das Virgens, e os apresentadores do Criança Esperança 2015.
O bate-papo, que aconteceu em 7 de maio, foi proposto pela produção da campanha para capacitar os atores Dira Paes, Lázaro Ramos e Leandra Leal e o judoca Flávio Canto, mestres de cerimônias da 30ª edição, que vai ao ar em agosto e cujo tema será Educação. Em cerca de duas horas, os quatro apresentadores tiraram dúvidas sobre o composição e funcionamento dos Conselhos de Direitos e dos Conselhos Tutelares, aprenderam o que é Curadoria Especial e anotaram os dados estatísticos fornecidos pela defensora.
- Os meninos em situação de rua, tão vulneráveis, são vistos como perigo, como ameaça, quando, na verdade, são vítimas, inclusive de violência sexual. Muitos chegam aos 18 anos sem ter garantido sequer o direito básico a ter uma família. E então, a sociedade, descrente, pede a redução da maioridade penal – disse Eufrásia. E ilustrou com dados: apenas 10% de todos os crimes são atribuídos a adolescentes e, ainda assim, a grande maioria ligada ao consumo, como roubos e furtos, ou ao tráfico de drogas.
O ator Lázaro Ramos emendou: “ Mas como sensibilizar a sociedade? Como combater a cultura da vingança contra esses jovens? Que temas podemos abordar que a sociedade ainda não saiba?” A resposta foi direta: “É preciso divulgar o número impressionante decrianças vítimas de violência. De todos os casos envolvendo crianças e adolescentes, em 88,5% eles são vítimas. Só em 11,5% são autores de atos infracionais.”
A atriz Dira Paes quis saber sobre crianças e jovens cooptados pelo tráfico de drogas .
- A maioria dos atos infracionais tem a ver com conduta análoga a tráfico. Que alternativa há a isso, se não a inclusão, se não mantê-los na escola? - questionou Eufrásia. “O tráfico é uma das piores formas de trabalho infantil”.
O trabalho dos defensores públicos no atendimento a meninos e meninas internados no Degase foi a maior curiosidade de Leandra Leal. Flavio Canto se interessou em saber que tipo de atividades desportivas é oferecido nas unidades.
O encontro entre a defensora e o Criança Esperança foi o terceiro de uma série com especialistas em Educação e matérias afins. Todos os apresentadores da edição 2015 atuam em entidades ou instituições de direitos humanos ou de defesa da infância e juventude.
“Crianças e adolescentes são sujeitos de direitos, mas também objetos do dever de todos nós”, resumiu a pesquisadora Ana Christina Brito Lopes, que também participou da conversa.
Na foto, a partir da esquerda: Ana Christina Brito Lopes; Lázaro Ramos; Dira Paes; Eufrásia Maria Souza das Virgens; Flavio Canto; e Leandra Leal
Texto: Valéria Rodrigues