Aos 21 anos, aluna do 6º período de Direito, Isabella da Silva Vieira assume nesta quinta-feira, 1º, o posto de estagiária remunerada da Defensoria Pública de Bom Jesus de Itabapoana, no Noroeste Fluminense. Primeira colocada dentre os cinco estudantes aprovados, em novembro do ano passado, no concurso regional para estágio forense, Isabella comemorou com muita alegria o bom desempenho na prova.

— Estou realizada.  A bolsa e o auxílio transporte vão me permitir pagar os estudos e o deslocamento entre minha casa, a Defensoria e a faculdade —, conta.

A rotina da Defensoria de Bom Jesus de Itabapoana ela já conhece bem: há seis meses, vai ao local quatro vezes por semana, como estagiária voluntária, para ajudar e, principalmente, aprender.

— Ela sempre foi muito dedicada e interessada. Fez por merecer a vaga e o primeiro lugar. Mérito exclusivo dela! — elogia a defensora Ivana Araújo Mota, titular de Bom Jesus de Itabapoana.

Isabella é negra e vem de uma família de poucos recursos. Mora com a mãe, funcionária de uma fábrica de linha de costura, e um irmão mais novo.  Aos 17 anos, tirou nota suficiente no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para, por meio do Programa Universidade para Todos (ProUni), garantir bolsa de 50% no Centro Universitário Redentor, em Itaperuna. O valor da mensalidade é de exatos R$ 467, pouco menos que os R$ 500 da bolsa paga pela Defensoria. 

À quantia se somam R$ 120 de auxílio-transporte, fundamentais para cobrir as passagens de ônibus intermunicipal pagas pela moça, que vive no município de Bom Jesus do Norte, no Espírito Santo, a cerca de quatro quilômetros de Bom Jesus de Itabapoana.

No meio da manhã, de casa à Defensoria, o trajeto é vencido em meia hora de caminhada. Ao fim de cada jornada de estágio, por volta de 16h30, Isabella percorre uns 40 quilômetros de ônibus, até Itaperuna, para as aulas de Direito; só retorna a Bom Jesus do Norte à noite, após mais uma hora de estrada.

O esforço vale a pena, diz ela.

—Tenho aprendido coisas que não se aprende em sala de aula.  A experiência como voluntária, o conhecimento que acumulei, as dúvidas que enfrentei no dia a dia do atendimento, me ajudaram muito a fazer a prova do estágio forense — explica.

Em Bom Jesus de Itabapoana, a defensora Ivana conta com o apoio de quatro estagiárias remuneradas, duas servidoras extraquadro e duas voluntárias para todas as etapas do trabalho: do primeiro atendimento ao acompanhamento dos processos.  Foi a possibilidade de participar do dia a dia da Defensoria, observando e executando tarefas as mais variadas possíveis para o andamento de ações cíveis e criminais, que inspirou Isabella na primeira aproximação com o órgão, quando deixou o currículo no local, candidatando-se à voluntária.


— Sonho com a Defensoria desde que entrei na faculdade. Na prática, o contato com a instituição foi muito mais interessante do que esperava.  Continuo apaixonada pela Defensoria e com cada vez mais vontade de me tornar defensora pública —,  revela ela, que se forma em Direito no final de 2019.



VOLTAR