Em razão da alta procura, a DPRJ programa novos mutirões. Próximo será neste sábado. 

 

Os números da ação social realizada pela Defensoria Pública do Rio de Janeiro no último sábado (20), no Núcleo de Primeiro Atendimento de Jacarepaguá, para atender mães e pais que não conseguiram matricular seus filhos nas creches e pré-escolas do município, impressionam. Ao todo foram 580 atendimentos, prestados em 12 horas de trabalho ininterruptas, que resultaram em 305 pedidos à Justiça e diversos outros ofícios as autoridades competentes para garantir a vaga das crianças.

A estimativa é que pelo menos três mil pessoas foram ao mutirão. Em razão da alta procura, a DPRJ programa novos mutirões. O próximo será neste sábado (27), no Núcleo de Primeiro Atendimento de Santa Cruz. No dia 3 de fevereiro, a ação social volta para Defensoria de Jacarepaguá. A iniciativa termina no dia 10 de fevereiro, que novamente será realizada em Santa Cruz.  

Maria Clara Lacerda, moradora do Camorim, foi uma das pessoas atendidas. A filha dela era a primeira da fila de espera da prefeitura para a abertura de novas vagas. No entanto, 2018 começou sem que a menina tivesse a matricula efetivada.

– Não estamos pedindo nada demais, apenas nosso direito. Sou manicure e dependo do meu trabalho para sustentar minha filha. Infelizmente não tenho com quem deixa-la. É só o nosso direito o que a gente quer – afirmou.

A defensora pública Fátima Saraiva, coordenadora dos Núcleos de Primeiro Atendimento da DPRJ, explicou que o mutirão foi organizado em razão do aumento de pais que buscaram a Defensoria. Só em Jacarepaguá, os defensores passaram a registrar, desde o início do ano, uma média de 50 atendimentos diários em razão da falta de vagas nas creches e pré-escolas.

Levantamento aponta que o déficit de vagas atinge cerca de 34 mil crianças.

 

No entanto, a quantidade de pessoas que procuraram a ação social surpreendeu. Diante da impossibilidade de atender todos, os servidores e defensores realizaram um pré-atendimento àqueles que não conseguiram uma senha, a fim de agendar o atendimento posteriormente.  

Para Fátima, a enorme quantidade de pais que procuraram à Defensoria deixou evidente a gravidade do problema. Levantamento do próprio município aponta que o déficit de vagas nas creches e pré-escolas atinge cerca de 34 mil crianças.

– A gente tem uma demanda expressiva por busca de vaga em creche e pré-escola em toda Zona Oeste, oriunda dos bairros de Curicica, Cidade de Deus, Taquara, Tanque, Pechincha, Rio das Pedras e regiões administrativas da Barra da Tijuca. Essa ação foi realizada porque não estamos conseguindo dar vazão à procura no atendimento regular, feito de segunda à sexta. Então a Defensoria Pública disponibilizou alguns sábados para que a gente possa recepcionar essas pessoas que estão com dificuldade de obter a vaga – explicou a defensora.

Parte da equipe de servidores e defensores que trabalharam na equipe.

 

Participaram da ação social cerca de 40 servidores, assim como as defensoras Fátima Saraiva, Fátima Dourado e Cintia Robert e o defensor Antonio Carlos Oliveira.

– Não esperávamos essa demanda. E isso mostra como este problema é grave, pois estamos falando do início da caminhada escolar da criança – afirmou Antonio Carlos.

– Obviamente achávamos que a demanda seria alta, mas nos surpreendemos. Mas esse é o papel da Defensoria: garantir direitos. O poder público tem a obrigação de garantir educação – destacou Fátima Dourado.

Na Defensoria, o procedimento adotado é entrar com um pedido em nome dos responsáveis para o cumprimento da sentença judicial que, desde 2009, determina a matrícula de todas as crianças na fila de espera por uma vaga. Além desta decisão, há também uma liminar obtida pela Defensoria em 2016 que determina não só a matricula como também a construção de novas creches e pré-escolas para suprir o déficit de vagas.

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Texto: Giselle Souza.

Imagem: Jaqueline Banai.



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