A luta dos movimentos de mulheres ao longo dos anos na perspectiva étnico-racial, de classes e dos territórios esteve em debate, no sábado (13), durante a abertura do “1º Curso de Formação de Defensoras Populares – Educação em Direitos para Jovens e Mulheres” promovido pela Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro (DPRJ) em Campo Grande, na Zona Oeste da cidade. Em sua primeira aula, a iniciativa voltada a participantes residentes ou atuantes na região contou, também, com a apresentação de temas como interseccionalidade, transversalidade das políticas, invisibilidades e feminismos.
– Nesse primeiro encontro foram trazidas informações sobre a história de luta de direitos das mulheres e conceitos que vão sedimentar as discussões durante toda a formação. Entre eles, o de interseccionalidade, pelo qual podemos perceber que uma pessoa pode sofrer uma sobreposição de sistemas de opressão, dominação ou discriminação – destacou a coordenadora de Defesa dos Direitos da Mulher da DPRJ, Arlanza Rebello, que esteve presente na primeira aula do curso juntamente com estagiárias(os) e servidoras(es) do Núcleo de Defesa dos Direitos da Mulher da Defensoria (Nudem).
Com o objetivo de promover a aproximação com a Defensoria Pública por meio de atividades de educação em direitos para mulheres na Zona Oeste do Rio e de criar difusoras de saberes, o curso foi desenvolvido a partir de um longo trabalho realizado com mulheres e entidades que compõem a Coletiva Popular de Mulheres da Zona Oeste, atuantes nos encontros preparatórios para a iniciativa.
No total, serão dez encontros nos quais estão previstas a realização de rodas de conversas temáticas e a participação de defensoras públicas e de profissionais convidadas. Realizado no sábado, o primeiro módulo contou com aula de Sônia Beatriz dos Santos, que é professora do Programa de Pós-Graduação em Educação, Cultura e Comunicação em Periferias Urbanas – FEBF/UERJ.
Já o segundo módulo acontecerá no dia 27 de janeiro e terá aula ministrada pela coordenadora do Núcleo Contra a Desigualdade Racial (Nucora) e do Núcleo de Defesa da Diversidade Sexual e Direitos Homoafetivos da DPRJ (Nudiversis), Lívia Casseres, que vai falar sobre “Direitos Civis, políticos e sociais. Lutas e conquistas das mulheres. Direitos humanos das mulheres. Cenário atual: novas demandas e retrocessos.”
— A realização desse curso é resultado de um trabalho conjunto de três anos que a Defensoria Pública, através da Coordenação de Defesa dos Direitos da Mulher, vem fazendo com as mulheres na Zona Oeste. A região é muito carente de investimentos em políticas públicas e tem níveis de violência elevados — ressalta Arlanza Rebello.
A turma tem cerca de 50 mulheres inscritas e os encontros serão realizados sempre aos sábados, entre os meses de janeiro e julho de 2018.
— O curso é uma iniciativa importante para a afirmação do espaço da mulher na perspectiva do conhecimento dos seus direitos, conquistados a tão duras penas. Cada vez mais é imprescindível que as mulheres tenham consciência de que são titulares de direitos e de que não só podem, como devem reivindicá-los em sua plenitude – observa a coordenadora de Programas Institucionais da DPRJ, Daniella Vitagliano, que também participou da primeira aula.
Texto: Bruno Cunha