A ceia da cozinheira Lucijane Raposo do Nascimento foi antecipada esse ano: aconteceu já na terça (19) e por iniciativa de defensoras e defensores atuantes na Sede da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro (DPRJ). Em uma ação solidária também realizada com o apoio de servidoras e servidores da instituição, cerca de 150 refeições foram servidas a pessoas em situação de rua que dormem na calçada da Avenida Marechal Câmara e em seus arredores assim como Jane, profissional então atuante em cozinha de navio e que pela primeira vez vai passar a noite de Natal nas ruas.
Em situação de rua desde fevereiro, Jane recebeu com as companheiras e os companheiros das calçadas a refeição servida em duas mesas montadas na porta da Sede da Defensoria juntamente com um presente: a biblioteca compartilhada Becos e Vielas. Voltada a pessoas em situação de rua, a iniciativa foi inaugurada na mesma data já com um acervo de mais de 300 obras doadas.
– Livro não se joga fora, livro se passa adiante. Livro é cultura e cultura não se joga no lixo. Só para vocês terem uma ideia, na Suécia, há 10 anos, a população lia no mínimo seis obras por ano e o brasileiro nem duas – destacou na inauguração a cozinheira Jane, que, por trabalhar em navio, viajou para vários países.
A ação teve início às 19h e aconteceu até às 21h também com a participação e a colaboração de voluntários que trabalham com as pessoas em situação de rua durante o ano, como é o caso de um grupo da Aeronáutica. Na calçada da Avenida Marechal Câmara, eles distribuíram com defensores e servidores da DPRJ as refeições compostas por arroz, salada de macarrão, frango assado e farofa, além de panetones.
– O verdadeiro espírito do Natal é o da partilha, o da solidariedade e o da vida de irmandade, o que também é papel da Defensoria Pública. Nada mais justo do que comemorar o Natal com as pessoas em situação de rua que ficam aqui na calçada o ano inteiro, nada mais justo do que partilhar com elas – observa o coordenador-geral do Interior e também coordenador da Baixada Fluminense, Marcelo Leão.
– Realizamos uma atividade junto com as pessoas em situação de rua e não somente para elas, não podemos deixa-las invisíveis. A atuação da Defensoria Pública junto a essas pessoas tem sido ampla – ressalta a secretária-geral da Defensoria, Marcia Fernandes.
Aos 46 anos, Luiz Claudio Marques do Nascimento aprovou a iniciativa:
– Com ações como essa eu me sinto incluso – diz o ex-funcionário de um banco e que está em situação de rua há um ano e oito meses.
– Assim a gente vê que não está esquecido – completa Jorge Luiz Rocha Espínola, de 50 anos e há oito nas ruas.
Texto: Bruno Cunha
Fotos: Erick Magalhães