Texto publicado no Informativo Servidor em Foco - em 09/11/17
Assistente na Coordenação de Material e Patrimônio da Defensoria Pública do Rio de Janeiro, Anderson Arcanjo de Holanda (28) trabalha na sede administrativa, desde agosto de 2014. Tem graduação em Gestão de Seguros e curso técnico administrativo. Sua função na instituição é cuidar da distribuição de material – mesas, cardeiras e armários – aos órgãos e núcleos solicitantes. Anderson também é ator. Na véspera do fechamento desta 20ª edição do Servidor em Foco, pegou a gente de surpresa devido ao seu lado artístico.
A mensagem comunicando a exibição do seu primeiro filme curta metragem, “Encontros Severos”, na mostra do 72HORAS Festival de Filmes 2017, em sessão que vai acontecer no Museu de Arte do Rio, chegou via WathSapp. Com muita "honra e felicidade", ele transmitiu a informação aos colegas da casa. Por telefone, de Nova Friburgo, onde cuidava do material da nova sede que foi inaugurada na sexta-feira (10), falou um pouco mais sobre o filme, o festival e a sua experiência nas artes cênicas.
– É a primeira vez que participo de um festival, com o meu primeiro filme, que foi selecionado. Graças a Deus, estou muito feliz – disse. O momento é de felicidade dobrada para o Anderson, porque ele já é feliz por natureza.
Encontros Severos
"Encontros Severos" é um curta metragem que foi criado por seu grupo de amigos do curso de extensão em cinema da PUC Rio, especialmente para concorrer no 72HORAS Festival de Filmes 2017. Mostra anual que vem sendo realizada desde 2014, no Rio de Janeiro, o 72HORAS recebe projetos independentes que respondem ao instigante desafio de criar um curta em 72 horas, após a abertura das inscrições, e com três elementos de linguagem cinematográfica obrigatórios. As produções devem ter no máximo seis minutos.
Com 5´58´´, "Encontros Severos" conta a história de um homem de família tradicional que, em determinado momento da vida, sente o desejo de sair com um travesti. O filme foi gravado na Rua Augusto Severo, na Glória, conhecido ponto de travestis na Zona Sul do Rio de Janeiro. Anderson trabalhou como ator e assistente de produção.
– Por ser uma produção de um grupo pequeno e independente, cada um faz um pouco de tudo – conta.
Ele interpreta um dos protagonistas, o cliente. Já a travesti, chamada Bruna, é interpretada pela colega do Material, Letícia Suhet, que pela primeira vez entrou em cena. Anderson revela que o filme não possui diálogos. As ações falam por si próprias, explica. O roteiro é de Leila Xavier e Maiara Astarte.
Questão LGBT
Sim, o curta “Encontros Severos” foca na questão LGBT. Segundo Anderson, com uma pegada de crítica social. O produtor e ator se sente muito à vontade para tratar o tema, pois define-se como 100% gay, assumidíssimo, tanto na família quanto no trabalho.
– Eu poderia ser mais atuante no ativismo LGBT. De qualquer forma, assumo minha homossexualidade sem o menor problema e apoio a luta e a resistência da classe – afirma.
Anderson assumiu a homossexualidade aos 14 anos de idade e garante que nunca sofreu qualquer tipo de preconceito por isso.
– Quando garoto, sentia que não me encaixava nos quadrados, nas caixas, que a sociedade cria e impõe. Um dia, escondido da minha mãe, fui a uma parada gay em São Paulo. Vi aquela felicidade toda e pensei: se eles são felizes assumidos, por que eu não posso me assumir e ser feliz também? Senti uma enorme leveza depois desse processo – relata.
De Guarulhos para o Rio
Natural de Guarulhos, São Paulo, nasceu no dia 17 de novembro de 1988. Na infância, sempre esteve envolvido com teatro. Participava de pequenas peças comemorativas, tanto na escola quanto na igreja. Aos 18 anos, conheceu uma carioca e resolveu aventurar-se na área de teatro e cinema no Rio de Janeiro. Mudou-se para a cidade e começou a se profissionalizar. Fez diversos cursos livres na área, dentro os quais o da ONG Ecoa e do Instituto Nossa Senhora do Teatro, que tem como madrinha a atriz Fernanda Montenegro.
Acredita que o teatro o ajudou a desenvolver duas das características do seu perfil pessoal que considera mais marcantes: é comunicativo e bem humorado.
– Sou muito bem humorado e gosto de transmitir alegria para as pessoas, gosto de deixar os ambientes leves. Sou extrovertido e comunicativo também. Falo com todas as pessoas igualmente, sem distinção. O teatro me ajudou a desenvolver essas habilidades.
Prêmio Júri Popular
Os curtas do 72HORAS concorrem ao Prêmio Júri Popular. Anderson convida a todas e a todos para assistirem à exibição de "Encontros Severos", no domingo, dia 19 de novembro, às 15h45, no Museu de Arte do Rio de Janeiro (MAR), na Praça Mauá, e a votarem. A entrada é gratuita, sem distribuição de senhas.
A Defensoria Pública deseja muito sucesso ao servidor.