Pesquisador da Fiocruz diz que interação entre Justiça e Saúde é fundamental na política de drogas
O médico, pesquisador da Fiocruz e coordenador da Pesquisa Nacional sobre o uso de crack, Francisco Inácio, realizou, na manhã desta sexta-feira (07), a quarta aula do Curso de Capacitação Políticas de Drogas, na sede da Defensoria Pública. Ele abordou o tema “Epidemiologia do Uso de Drogas no Brasil”. De acordo com Inácio, a interação com pessoas atuantes neste tema é o ponto chave: “O que eu gosto desse tipo de aula é o diálogo com as pessoas que têm perspectivas por outro ponto de vista. A gente recebe muitos pacientes que vêm da Justiça, e encaminha também, por isso, essa interface entre Justiça e Saúde é essencial para nós que trabalhamos tanto em Gestão quanto em Pesquisa”, disse ao término da aula.
Durante a aula, Francisco Inácio fez diversas análises, desde o uso eventual à dependência. Exibiu as classificações dos usuários não apenas no que tange às drogas ilícitas como também as lícitas. A overdose, a internação compulsória e a discussão da autonomia da vontade também foram alvo de debate bem como a importância da pesquisa no uso da ciência médica e jurídica.
O presidente da Fundação Escola da Defensoria Pública do Rio (Fesudeperj), defensor público Pedro Paulo Carriello, gostou do que ouviu: “Pôde ser mostrado, não só ao defensor público, mas a todo sistema jurídico e de Saúde, alguns elementos que possam aclarar a nossa atuação”.
Felipe Quaresma, que atua na área de Projetos do Instituto de Segurança Pública, disse que a discussão é fundamental. “É importante mobilizar as polícias e a sociedade para que a questão das drogas possa, finalmente, ser abraçada pela Saúde e, assim sendo, a Segurança Pública revisa conceitos e procedimentos e, por fim, oferece tratamento adequado a essa questão”.
Carriello falou ainda sobre o sucesso do Curso: “Uma das coisas positivas do curso é ser aberto. Temos segmentos da área da saúde, médica, da polícia, psicológica, da segurança pública e hoje tivemos representante do Ministério Público. Isso permite o diálogo constante. Cada um com suas indagações e viés. Foi um passo interessante do Grupo de Trabalho de Políticas de Drogas, junto com a Fesu e o Centro de Estudos Jurídicos (Cejur), que está permitindo novas discussões, fugindo do discurso da dicotomia pró e contra. Aqui é algo muito maior que isso”, afirmou.
A próxima aula acontece na sexta-feira (14), das 9h às 12h, e terá como palestrante o médico do Instituto de Psiquiatria da UFRJ, Marcelo Cruz, que debaterá “Classificação das Substâncias Psicoativas e seus efeitos”. O curso é promovido pelo Cejur em parceria com a Fesudeperj, na sede da Defensoria do Rio. Aos alunos de Direito serão atribuídas três horas de estágio pela OAB.
Texto: Fernanda Pizzotti
Foto: Erick Magalhães
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