Defensoria nas Ilhas realiza 236 atendimentos em Vila do Abraão

30 de outubro de 2017 às 18:30

Morador da Vila do Abraão, na Ilha Grande, o mestre de embarcação Amílcar Augusto de Carvalho passou a enfrentar um baita problema em sua vida depois que o seu barco adernou e naufragou por excesso de carga, um ano atrás.  Tendo gasto todas as suas economias para resgatar e restaurar o barco, casado e com dois filhos pequenos para criar, Amílcar já não mais dispõe de recursos financeiros para ir ao continente com frequência. Respondendo a inquérito pelo afundamento da embarcação e decidido a entrar com uma ação contra a empresa que o contratou na ocasião do acidente, ele compareceu à segunda edição do projeto Defensoria nas Ilhas do Rio de Janeiro, realizado na Vila do Abraão, no último sábado (28). O mestre de embarcação aproveitou a ação social para dar continuidade à assistência que já vem recebendo, no Núcleo de Primeiro Atendimento Cível da Defensoria Pública de Angra dos Reis, sem precisar sair da Ilha Grande.

Assim como Amílcar, os 236 ilhéus atendidos nessa ação social beneficiaram-se dos serviços que voltaram a ser oferecidos perto de casa. “É muito importante trazer a Defensoria Pública para próximo do ilhéu diante da dificuldade dele ir ao continente”, ressaltou o defensor público André Bernardes, idealizador do projeto. “O Defensoria nas Ilhas desafoga uma demanda reprimida nas ilhas para atendimento jurídico”, acrescentou. Além de André Bernardes, participaram da ação social o defensor público Marcelo Leão e a defensora Daniella Vitagliano. 

Orientação e primeiro atendimento jurídicos, emissão de documentos, habilitação para casamento e exame de DNA estiveram à disposição, das 10h às 15h, no Centro Cultural Constantino Cokotos. A ação social contou com a parceria do Detran, do Cartório de Registro Civil do 1º Distrito de Angra dos Reis e com o apoio da prefeitura. “Nós agimos no sentido de garantir toda a estrutura necessária para essa ação acontecer”, disse o subprefeito das ilhas de Angra, Jesi Batista dos Santos, o Mão Branca. 

A segunda edição do projeto Defensoria nas Ilhas foi muito bem aproveitada pela família do pequeno Samuel, de apenas um mês de vida, que fez exame de DNA. Além do exame, Mariana Braz e o marido, Leandro da Silva, renovaram os documentos de identidade. A irmã gêmea de Mariana, Juliana Braz, e seu companheiro, Devis Amorim, receberam a habilitação para formalizar o casamento. As primas Ana Luíza, de 2 anos; e Maria Eduarda, de 3 anos; filhas de Juliana e de Mariana respectivamente, tiraram a carteira de identidade pela primeira vez. Lercinda Braz e Nataniel Ramos Braz, os avós, renovaram a carteira de identidade. 

O pescador Mario Jorge dos Santos Raimundo foi outro ilhéu que compareceu à ação social com a família. Ele levou as três filhas menores de idade para tirar a carteira de identidade. “Esta ação facilita muito a vida da gente porque não precisamos ir a Angra dos Reis”, afirmou o morador da comunidade de Saco do Céu, em companhia de Flávia Maria, de 17 anos; e das gêmeas Ellen Maria e Evellyn Maria, de 9 anos de idade. 

Para Mônica de Castro Ferreira, que acompanhou o marido Milton Domingos, deficiente visual, no atendimento com o defensor público André Bernardes, o Defensoria nas Ilhas é uma ação muito bem-vinda. “Acho bom o benefício porque ajuda os moradores daqui. Para ir a Angra tem que gastar dinheiro de passagem e não dá para ficar lá com fome”, disse. “Graças a Deus fomos muito bem atendidos”, acrescentou a moradora de Palmas, que está desempregada. Ela conta que o marido precisa da assistência jurídica da Defensoria Pública para pedir o cancelamento de numa pensão alimentícia.

O projeto Defensoria nas Ilhas foi inaugurado, na Vila do Abraão, no sábado 16 de setembro, quando 300 pessoas foram atendidas. A próxima ação social do projeto vai acontecer no dia 2 de dezembro, em Provetá.

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