Em solenidade de formatura a ser realizada nesta quarta-feira (6) serão anunciadas seis vagas para contratação imediata dos participantes
Na Bahia ela era autônoma: vendia lanches e artesanato principalmente aos turistas. Já no Rio tudo mudou e a permanência da transexual Lufe Dornelas Mesquita na cidade carioca passou a depender de ações como as previstas no projeto Resgate, iniciativa da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro (DPRJ) e da secretaria municipal de Desenvolvimento, Emprego e Inovação que capacita pessoas em situação de rua para o mercado de trabalho e que forma, nesta quarta-feira (6), uma turma de 10 participantes.
Sem dinheiro e moradia assim como os demais, Lufe integra o grupo de alunos da terceira edição do projeto que, na solenidade de formatura, receberão currículo impresso e atualizado dos organizadores, carteira de trabalho recém-emitida e certificado de conclusão do curso, além de encaminhamento para entrevistas de emprego e seis vagas para contratação imediata na empresa Comissaria Aérea Rio de Janeiro, cujos contratados serão anunciados na cerimônia.
– Vim ao Rio buscar uma amiga heterossexual que ia morar na Bahia e fiquei hospedada em sua casa, mas o padrasto dela me expulsou de lá quando chegou de viagem. Depois, fui assaltada no Maracanã e fiquei só com a roupa do corpo. Atualmente tenho dificuldade até de conseguir comida e, sem dinheiro, não posso comprar o material para fazer os lanches e o artesanato. Com o curso aprendi, entre outras coisas, a me comportar em uma entrevista de emprego – aponta Lufe, que passa o dia nas ruas do Centro e à noite dorme no Hotel Santana, um abrigo localizado no mesmo bairro.
Para mudar essa situação, ela participou das quatro aulas de capacitação ministradas no projeto Resgate e entre elas estão as que tiveram como tema as noções básicas de direitos e deveres em sociedade, o espírito de equipe, higiene pessoal, postura profissional e até como conviver com os mais variados sentimentos no mercado de trabalho.
– Com esse projeto, a Defensoria Pública mostra que sair do assistencialismo é uma necessidade premente e quem participa conquista ferramentas para o próprio empoderamento, criando autonomia para não mais precisar de auxílio. Já para a sociedade em geral a iniciativa comprova, de forma simples, que as pessoas em situação de rua não estão nessa condição porque querem e que dela podem sair, basta que tenham o suporte necessário. Com políticas públicas adequadas, os resultados acontecem – destaca a defensora pública Carla Beatriz Nunes Maia, atuante no Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos da DPRJ (Nudedh).
Serviço:
Evento: Formatura da turma de 10 alunos participantes da terceira edição do Projeto Resgate.
Data: 06/09/2017.
Hora: 10h.
Local: Auditório do segundo andar da DPRJ (Avenida Marechal Câmara 314, no Centro do Rio).
Texto: Bruno Cunha