Reportagem publicada no informativo Servidor em Foco nº 13

Quando a dúvida sobre a paternidade de uma criança envolve irmãos gêmeos como possíveis pais, o exame de DNA pode ter conclusão bem curiosa e revelar aspecto pouco conhecido da genética humana. Isso porque se os candidatos a pai em questão forem gêmeos univitelinos, o exame revela que os alelos paternos obrigatórios da criança são observados no material genético dos irmãos gêmeos e, assim, a dúvida permanece. A situação é  verdadeira e uma das mais curiosas das que já foram acompanhadas pela servidora Gabriela Fernandes de Araújo (46) no Programa de DNA da Defensoria Pública, localizado no bairro de Olaria.

Caso de grande repercussão midiática que envolveu o programa de DNA da DPRJ, também lembrado por Gabriela, foi o de Charlotte Cohen-Tenoudji, traficada quando criança para a França. O caso de Charlotte, mostrada na novela Salve Jorge (2012), também foi um dos investigados na CPI do Tráfico de Pessoas da Câmara dos Deputados, finalizada em 2014. Com exames realizados através da Defensoria Pública, Charlotte descobriu os irmãos. Mas a mãe biológica, que desejava tanto encontrar, já havia falecido. Sensível aos dramas dos assistidos atendidos no Programa de DNA, Gabriela se emociona ao falar no assunto.

– Eu tenho orgulho de trabalhar na Defensoria Pública porque a instituição toca na miséria humana e ajuda a promover o resgate das pessoas. No Programa de DNA atendemos mulheres, mães, que chegam até nós humilhadas, muitas das vezes psicologicamente maltratadas, e que resgatam o orgulho com o resultado do exame. Tem os casos das mães que perdem os filhos e que, somente através do exame de DNA, conseguem identificar o corpo tirando-o da condição de indigente. Esse corpo ganha um nome... Depois do exame de DNA, mães que perdem filhos ganham netos... O DNA dá subsistência a uma criança que antes tinha a paternidade e também os seus direitos aos alimentos negados. Alimento é importante porque as crianças precisam sobreviver.

Gabriela foi convidada pelo RH para trabalhar no Programa de DNA em 2014. Aceitou porque a localização do órgão, em Olaria, fica mais próximo ao lugar onde ela mora, que é o subúrbio de Vaz Lobo. Antes disso, ela já trabalhava desde 2011 na Coordenação de Convênios da DPRJ.  Em 2016, a casa a chamou de volta para o Convênio, que fica na sede administrativa. Tamanho o seu envolvimento profissional e humano com o Programa de DNA, aceitou dividir-se entre os dois órgãos. Atualmente, Gabriela trabalha duas vezes por semana em Olaria, três vezes no terceiro andar do edifício sede localizado na Marechal Câmara 314 e faz atendimento externo do DNA. 

Convênios

Em 2011, Gabriela foi convidada para ajudar a organizar a Coordenação de Convênios da Defensoria Pública. Para aprimorar-se no exercício da função e manter-se atualizada na legislação, fez vários cursos do Sistema de Convênios – SICONV do Governo Federal, sendo um deles na Casa Civil do Estado. 

E o que faz o setor de Convênios da DPRJ? Cuida de gerenciar a captação de verbas extraorçamentárias para a instituição. Captação que se realiza junto ao Governo Federal, através de emendas parlamentares e também concursos. A Coordenação de Convênios cuida também da gestão de termos de cooperação da Defensoria Pública com alguma outra instituição, ou órgão público, como a Secretaria Municipal de Saúde ou a própria Prefeitura. O setor assessora defensores públicos quando da criação de um projeto de convênio. Eventualmente, Gabriela participa de reuniões para prestar assessoria na realização de acordos de cooperação.    

Programa de DNA

Nas terças e quintas-feiras, Gabriela está no Programa de DNA da Defensoria Pública, que funciona no prédio do antigo Fórum de Olaria, na Rua Lucena sem nº. Junto a outras duas servidoras, Andreia e Paola, ela trabalha no atendimento dos assistidos. Verifica documentos e ofícios, prepara a declaração de ciência sobre o exame de DNA, que os assistidos precisam assinar; e faz a ficha social do assistido, conforme previsto em resolução interna da casa.  

Atendimento externo 

Regularmente, de três em três meses, Gabriela segue com o Programa de DNA para a realização de coletas de sangue em núcleo de Araruana (comarca da Região 3), Itaipava (Região 7), Volta Redonda (Região 4), e Teresópolis (Região 11). Esses atendimentos externos ocorrem nas sextas-feiras e são previamente agendados. Gabriela Fernandes de Araújo também tem sido presença assídua nas ações sociais da Defensoria Pública quando há realização de exame de DNA.

A princípio tímida para falar sobre a vida pessoal, por fim ela se encoraja e revela sua paixão pelos animais. Anos atrás, atuou voluntariamente no abrigo João Rosa, para cães. Hoje em dia, Gabriela contribui financeiramente para a compra de ração e medicamento para animais resgatados da rua. Tem uma cachorrinha chamada Lili. Mas é no samba que essa servidora tão querida da Defensoria Pública encontra a sua válvula de escape para as situações dramáticas com as quais se depara no dia a dia do trabalho junto aos assistidos. 



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