Ação social na Praça Mauá tem documento de graça e até teste de DNA

29 de maio de 2017 às 14:00

O sol apareceu cedo na revitalizada Praça Mauá, projetada para ser um democrático ponto de encontro entre moradores e turistas. Há quem visite as atrações pagas, outros apenas caminham, contemplam e registram em fotos o que a própria natureza se encarregou de fazer. No último sábado (27), um público diferente apareceu por lá. Eram pessoas vindas de diversos lugares do Rio em busca de cidadania. Gente que foi à procura do atendimento da Defensoria Pública do Rio, que, em parceria com a Adperj, promoveu uma Ação Social para comemorar o Mês do Defensor – o chamado Maio Verde, alusão às cores da instituição.

Desta vez, a família, tema da campanha anual dos defensores, ganhou atenção especial. O banco de DNA da Defensoria foi à praça, realizando exames gratuitos para quem precisa reconhecer parentesco. Gente que veio de longe, com suas histórias comoventes e muita esperança. Natália Francisco teve a filha Mirela em 2012, dois meses depois de perder o companheiro. No sábado, saiu de Nova Iguaçu com a menina e o filho mais velho, Hubert, para fazer o DNA que pode finalmente comprovar a paternidade da pequena.

“Uma amiga mandou a foto da internet. Chamei minha mãe, acordamos às cinco da manhã  e corremos para cá, para não perder a oportunidade. Fizemos o teste nos dois, que agora será anexado ao processo. Estou muito feliz, porque agora vai dar tudo certo”, disse, confiante, com os olhos marejados por finalmente enxergar uma solução para cinco anos de espera.

A espera de Amanda Maciel e Leonardo Silva é um pouco mais longa. O casal de São Gonçalo tem 10 anos de vida em comum, dois filhos e o desejo de oficializar a união. “A gente procurou o apoio da Defensoria para conseguir a gratuidade do casamento, que não é barato. Já nesta semana, vamos ao cartório levar a habilitação e dar entrada no casamento civil”, disse Amanda. “É um sonho que vamos finalmente realizar”, completou Leonardo, sorriso no rosto e muitos planos na cabeça. 

Tem gente esperando o resultado do DNA para fazer festa em Irajá. Andréa é avó do pequeno Gabriel, de 2 meses, e acompanhou a filha para o exame que pode comprovar a paternidade do menino. O possível avô, Rodrigo, acompanhou o filho de 17 anos e está na torcida por um resultado positivo. “Soube da ação pela página da Defensoria. Mesmo que estivesse cheio, só sairíamos daqui com tudo resolvido. Mas foi tudo muito tranquilo e fomos muito bem atendidos”, disse Andréa. “Estamos na torcida. E se der positivo, vai ter churrascão”, adianta Rodrigo. 

Duas defensoras públicas ficaram responsáveis pela orientação jurídica, Simone Moreira de Souza e Maria de Fátima Abreu Marques Dourado. Esclareceram dúvidas sobre inventário, reconhecimento de união estável, guarda de filhos, inclusão de nome na certidão de nascimento e outros variados casos. Chamou a atenção o de uma mulher transexual, adotada ainda na maternidade e que agora, doente, precisa localizar a mãe biológica. Um caso que foi encaminhado para os núcleos especializados da Defensoria.

Houve também o público que tradicionalmente procura as ações sociais para emissão de documentos e ofício de gratuidade da segunda via. Ao todo, foram 170 atendimentos. Um balcão da Secretaria Municipal de Desenvolvimento, Emprego e Inovação (SMDEI) fez 30 agendamentos para emissão de CTPS e também forneceu orientação a quem buscava emprego. Desta vez, o balcão de estágio da Defensoria, que tem parceria com o CIEE, também participou da ação e recebeu 43 estudantes de todos os níveis de escolaridade e cursos em busca de oportunidades. A maioria, alunos de direito que querem mesmo é estagiar na própria Defensoria. 

Importante ressaltar que todos os serviços oferecidos nas ações sociais da Defensoria Pública estão disponíveis permanentemente nos núcleos da instituição espalhados por todo estado. Basta ir até o mais perto da residência e solicitar a assistência. A lista com os endereços está no site, é só clicar aqui. 

Uma ação social em local de grande movimento tem também momentos curiosos. Bem junto ao caminhão de atendimento, foi montado um set de filmagem. Uma famosa atriz viu a movimentação e quis saber do que se tratava a ação. Atenta, ouviu sobre o que é a Defensoria, o que ela faz e os serviços que estavam sendo oferecidos ali. “Que coisa boa! Nosso Estado oferece tão pouco para essas pessoas. Que bom saber que elas estão tendo isso aqui.” Um episódio inusitado, que faz lembrar como é importante que os espaços públicos sejam sempre assim, democráticos e acessíveis a todos os cidadãos, qualquer que seja sua atividade, endereço ou condição social.

Clique aqui para ver as imagens da ação social. 

Texto: Débora Diniz. 

Imagens: Erick Magalhães.