O ouvidor-geral da Defensoria Pública do Rio (DPRJ), Pedro Strozenberg, acompanhou, nesta quarta-feira (15), a mobilização feita por moradores para denunciar a invasão de casas para instalação de bases de apoio da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) no Complexo do Alemão. De acordo com os moradores, policiais militares teriam iniciado as ocupações há duas semanas na Favela da Alvorada, sem qualquer ordem ou mandado judicial. Enquanto estuda as medidas judiciais pertinentes, o Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos (Nudedh) da Defensoria se coloca à disposição dos moradores para receber denúncias de violações.

Além da Defensoria Pública do Rio, a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) e da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) enviaram representantes à comunidade nesta manhã. Junto com o Coletivo Papo Reto e lideranças das Associações de Moradores, eles foram a cinco casas que estão ocupadas. De acordo com os policiais, as casas foram invadidas porque estariam vazias. A maioria das edificações está, de fato, em obras, com lajes em construção ou reforma, mas com moradores, dentre eles uma cadeirante. Parte daqueles que tiveram cadeados quebrados para que suas residências fossem usadas pediu abrigo a parentes.

Desde o dia 2 de fevereiro, quando cerca de dois mil estudantes foram impedidos de sair de casa no primeiro dia de aula, o Complexo do Alemão vive uma guerra sem trégua, com intensos tiroteios e confrontos regularmente. Na manhã de hoje, inclusive, na hora em que moradores e estudantes saiam de casa e que representantes das instituições percorriam a comunidade, houve tiroteio.

De acordo com o ouvidor-geral da DPRJ, que tem acompanhado presencialmente a situação no Complexo do Alemão nas últimas semanas, os moradores estão com muito medo.

— Impressiona a queda do número de feridos e o aumento de pessoas com distúrbios emocionais, com o acirramento do conflito.  As denúncias de agressões físicas diminuíram e o número de violações ao patrimônio e de agressões verbais se tornou expressiva nos últimos dias. A instalação de bases na casa das pessoas é uma violação grave. Também impressiona as muitas marcas de tiro de alto calibre por toda a comunidade — ,destaca Strozenberg.

O Nudedh está à disposição dos moradores para receber denúncias e relatos de abusos e para oferecer assistência jurídica na Rua México, nº 11, sala 1501, Centro. Também estamos disponível no telefone 2332-6346 e e-mail nudedh@gmail.com

 

Texto: Thathiana Gurgel

Foto: reprodução do Facebook

 


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