Defensores, servidores e estudantes lotaram o auditório para debater o racismo institucional

 

A  coordenadora da ONG Criola Jurema Werneck comandou a aula e promoveu o debate entre defensores públicos, servidores, estudantes de Direito e demais participantes que dedicaram a manhã desta sexta-feira (7) ao segundo encontro do curso Racismo Institucional e  Sistema de Justiça, organizado pela Defensoria Pública do Rio e parceiros.  O racismo, resumiu Jurema, define “experiências desiguais no nascer, viver e morrer”. 

Exemplos não faltaram. Jurema lançou mão de casos recentes, noticiados pela imprensa, de dados reunidos em pesquisas acadêmicas e de estatísticas produzidas por órgãos públicos sobre  acesso (ou a dificuldade de) à saúde, taxas de homicídio e de encarceramento. 

- O racismo institucional ou sistêmico é uma ação deliberada para garantir poder e privilégios, ainda que o discurso seja igualitário. É mais que apenas  falha ou fracasso no modo como a instituição opera –  disse ela.

Jurema Werneck esmiuçou as formas como é possível identificar o racismo institucional, especialmente quando camuflado sob argumentos tidos como racionais, como a exigência de comprovante de residência para emissão de carteira de vacinação, sem a qual a criança não é imunizada. 

- É preciso que haja mecanismos de enfrentamento  à cultura institucional racista – destacou.

E acrescentou:

- São necessários órgãos preparados para identificar o racismo, os quais também influenciarão  essa cultura institucional, positivamente.

A discussão ficou mais acalorada quando entrou em pauta a intolerância contra religiões de matriz africana.  Jurema  optou por um estilo menos formal de condução da aula, permitindo que o auditório interferisse quando quisesse para dúvidas, esclarecimentos e ponderações.  E o público participou a valer.

A coordenadora do Núcleo contra a Desigualdade Racial (Nucora) da Defensoria Pública do Rio, Livia Casseres,  foi aplaudida ao tomar parte no debate e discorrer sobre racismo e seletividade penal.

- Não se trata de um movimento consciente de cada sujeito, mas de uma dimensão estruturante do sistema de justiça feito para selecionar mais um grupo de pessoas que outro – explicou.

A aula teve como tema específico Racismos, racismo: pessoal, interpessoal e institucional – conceitos, modos de realização e de enfrentamento, que voltará a ser abordado no próximo encontro, sexta-feira, 14.  

O curso Racismo Institucional e  Sistema de Justiça é uma iniciativa da Defensoria, com o Nucora, o Centro de Estudos Jurídicos (CeJur), a Fundação Escola Superior da DPRJ (Fesudeperj) e a ONG Criola, que atua na defesa e promoção dos direitos das mulheres negras. 

Texto: Valéria Rodrigues

Foto: Erick Magalhães

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