A Defensoria do Rio irá lançar, no próximo 14 de setembro, a Rede de Atenção a Pessoas Afetadas pela Violência de Estado (RAAVE). Com objetivo de integrar o serviço prestado pela DPRJ ao atendimento psicológico para esse público, a Rede também irá atender pessoas que vivam outras situações de violação de direitos ou vulnerabilidade.
Porta de entrada para acesso a diversos serviços públicos, a Defensoria institui a Rede como uma ampliação do trabalho já realizado pela equipe psicossocial do Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos (NUDEDH). Com a adição do apoio de diversos grupos de psicologia/psicanálise universitários e ONGs que realizam atendimentos clínicos.
A atuação da Rede irá descentralizar o acolhimento da Defensoria com a orientação e o encaminhamento das pessoas assistidas para uma das instituições parceiras. Cada grupo terá sua forma independente e autônoma de atuação, sem qualquer relação com a continuidade do acompanhamento jurídico por parte da DPRJ.
Marina Vilar é psicóloga da equipe psicossocial da Defensoria e uma das responsáveis pela organização da RAAVE. Ela explica que é papel da instituição dar apoio além do jurídico para as vítimas de violência do Estado.
- Fazer esse lançamento é um ato político. É dar visibilidade a essa situação que tem acontecido, principalmente com as operações policiais nas favelas. Essas pessoas precisam de apoio, de atenção mais ampla. O jurídico é importante, mas existem outras áreas que precisam ser incluídas nesse cuidado, afirma a psicóloga.
A iniciativa de se unir às parcerias surgiu após a operação policial que matou 28 pessoas no Jacarezinho, em maio de 2021. Depois da operação, grupos de psicologia procuraram a Defensoria através da Ouvidoria Externa, se colocando à disposição para atendimento de familiares e vítimas deste caso.
O ouvidor geral da DPRJ, Guilherme Pimentel, conta que o lançamento da Rede é um momento especial para todas as pessoas que lutam em defesa dos direitos humanos no Rio de Janeiro. Para ele, a Raave nasce e se fortalece a partir da pronta resposta que a Defensoria Pública tem dado às grandes operações policiais que acontecem no Rio de Janeiro.
- A Defensoria não tem se limitado à sua própria atribuição institucional, mas sim entendido a necessidade de uma atuação multidisciplinar e integrada com outros coletivos e instituições. Foi a partir desse olhar que o saber jurídico se conectou ao saber psicossocial para fortalecer um serviço que seja capaz de acolher integralmente as famílias e vítimas da violência do Estado, afirma o ouvidor.
Carolina Anastácio, coordenadora Geral de Programas Institucionais, explica a importância da Defensoria ser agente na entrega de tratamentos de qualidade para quem teve seus direitos violados.
- Para a Defensoria Pública é muito importante essa parceria. É evidente que para as vítimas de violência o atendimento jurídico é muito relevante, mas as dores e marcas invisíveis deixadas são muito duras e, muitas vezes, insuperáveis. Assim, é preciso um serviço psicossocial de qualidade para as usuárias e usuários dos serviços da Defensoria nessas situações. As pessoas precisam se sentir abraçadas e protegidas, destaca a coordenadora.
O lançamento da Rede de Atenção a Pessoas Afetadas pela Violência de Estado será às 10h, no auditório da Defensoria do Rio. O evento também será transmitido pelo canal da DPRJ no Youtube.
Texto: Thaís Soares