Orientar a população sobre direitos e a forma de reivindica-los. Essa será a missão dos 42 alunos que concluíram o curso Defensores da Paz, oferecido pela Defensoria Pública do Estado (DPRJ). A capacitação durou nove semanas e foi realizada em parceria com a Federação das Indústrias do Rio (Firjan) junto aos agentes comunitários do Serviço Social da Indústria (Sesi). A formatura do grupo aconteceu nesta quinta-feira (10), na sede da instituição, no centro da cidade.
Os agentes já atuam em diversas favelas do Rio em projetos do Sesi. Segundo explicou Fábio Pereira da Silva, que discursou em nome da turma, o curso deu subsídios a eles para que possam orientar adequadamente os moradores das comunidades sobre como reivindicar direitos básicos.
– Representamos diferentes territórios e lidamos com um público muito específico, que vive em situação de extrema vulnerabilidade e risco social. O nosso público, muitas vezes, tem como obstáculo principal a falta de informação e vê em nós um canal de acesso aos seus direitos. O curso foi ao encontro dos nossos anseios pessoais. Além de sermos profissionais nesses territórios, também somos moradores. As informações adquiridas nos trouxeram bagagem, empoderamento e fortalecimento para tratar de assuntos tão complexos e sensíveis, tais como como os direitos da mulher, discriminação e preconceito e o direito à saúde, moradia e cidade – afirmou.
O defensor público-geral do Estado, Rodrigo Pacheco, parabenizou o grupo e destacou que agora eles “passam a pertencer a Defensoria Pública” e que ajudarão as pessoas, sobretudo as mais vulneráveis, a acessar a justiça. Segundo explicou, ter acesso à justiça vai além do acesso ao Poder Judiciário: significa ter conhecimento acerca dos direitos e das formas de reivindica-los. Nesse sentido, ele ressaltou o trabalho da DPRJ na área de educação em direitos para a população, por meio de projetos como Defensores da Paz, Defensores da Juventude, Acelerando a Escolaridade, entre outros.
– Acreditamos que o acesso à justiça será fortalecido com atuação de vocês nas comunidades. Desejamos que vocês sejam um canal direto entre a comunidade e a Defensoria Pública – ressaltou.
A defensora Carolina Anastácio, coordenadora-geral de projetos institucionais, que é responsável pelo curso, também parabenizou os novos defensores da paz e disse que eles são fundamentais.
– Tenho certeza que vocês vão replicar o conhecimento da melhor forma possível nas comunidades onde vocês já são referência. E isso é muito importante. A gente acredita que somente assim vamos conseguir uma efetiva transformação social – ressaltou.
Alexandre dos Reis, superintendente regional da Firjan/Sesi destacou a importância dos agentes comunitários para fomentar o exercício da cidadania. De acordo com ele, o conhecimento ofertado pelo curso contribuirá ainda mais para a ampliação desse trabalho.
– Precisamos compartilhar esse conhecimento. Então, que vocês possam transferir isso para a casa, amigos e territórios de vocês. Muita gente acha caro investir em educação. Isso porque não sabem como é cara a ignorância – ressaltou.
Pedro Strozenberg, ouvidor-geral da DPRJ, também destacou a importância do trabalho que será desenvolvido pelos novos defensores da paz.
– É um trabalho que vai além do institucional. É um trabalho humano e de acolhimento. É saber lidar com momentos difíceis e os muitos dramas da sociedade. Parabéns a todos vocês – ressaltou.
Defensores da paz
O curso aborda temas relacionados aos direitos da mulher, das pessoas com deficiência, à saúde, da criança e do adolescente, habitação e do consumidor. Também fala sobre direitos humanos, cidadania e documentação básica e conciliação. A agente comunitária Gleice Valadares afirmou que a capacitação a ajudará a desenvolver um melhor trabalho.
– Gostei muito do curso. Pudemos tirar dúvidas sobre questões conhecidas, mas que não dominamos. E isso é importante para que possamos orientar de forma adequada as pessoas – afirmou a recém-formada defensora da paz.
Para a agente Diná Gomes, o curso a ajudará nas comunidades. De acordo com ela, os moradores da comunidade onde atua constantemente pedem orientações sobre direitos e serviços, dentre os quais como obter documentos e regulamentar a guarda dos filhos.
– Muitas vezes há dificuldade no acesso a determinado direito. Por isso, gostei do curso. Recebemos muitas informações e agora vamos multiplica-las – destacou.