Os 60 anos do conflito armado interno degradou a vida dos colombianos,
esgarçou o tecido social e permeou as instâncias sociais, políticas, econômicas e culturais

 

A Comissão da Verdade da Colômbia vem ao Brasil para promover uma série de debates com exilados e a sociedade civil brasileira. A programação começa no Rio de Janeiro, nesta segunda-feira (22), com a apresentação do relatório “Hay Futuro si Hay Verdad”, pelo comissionado Carlos Beristain, na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ). E continua na terça (23) com um debate sobre as ameaças, assassinatos e perseguições sofridas por defensores de direitos humanos na Colômbia e no Brasil, na sede da Defensoria Pública do Estado (DPRJ). Também apoia o evento o Grupo Tortura Nunca Mais/RJ. 

Na PUC, além do lançamento geral do relatório, também haverá a apresentação e debate sobre os capítulos que tratam do exílio e do padrão de impunidade e recomendações para a não repetição e a realização da paz. O trabalho resulta do  Acordo Final para o Fim do Conflito e a Construção de uma Paz Estável e Duradoura, assinado em 2016, entre o governo colombiano as FARC-EP, a mais antiga guerrilha da América, que criou o Sistema Integral de Verdade, Justiça, Reparação e Não Repetição, do qual faz parte a Comissão para o Esclarecimento da Verdade, Convivência e Não Repetição.

Lançado em 28 de junho último na Colômbia, o relatório é resultado de quase quatro anos de trabalho, durante os quais a comissão reuniu, em entrevistas individuais e coletivas, cerca de 30 mil relatos de vítimas, familiares, testemunhas, atores armados no conflito, terceiros civis, empresários, membros das forças de segurança, ex-presidentes e outras figuras sociais e políticas. O Relatório também apresenta dados que permitem entender as dinâmicas do conflito e conhecer a magnitude da guerra na Colômbia, onde pelo menos 450 mil pessoas morreram em seis décadas, e 85% das vítimas fatais eram da população civil. Outras 121 mil desapareceram; cerca de 50 mil foram sequestradas; e mais de 16 mil crianças e adolescentes, recrutados.

Em dez volumes, a Comissão da Verdade aponta os mais variados aspectos do conflito armado, inclusive a violência contra mulheres e pessoas LGBTI, e o papel que desempenharam na construção da paz e formas de resistência; os impactos sobre os povos étnicos e as disputas pelos territórios dessas comunidades; e as histórias de crianças, adolescentes e jovens atingidas.  

Essa é a primeira Comissão da Verdade a esclarecer o contexto e as violações sofridas no exílio das vítimas que tiveram de sair de seus países para salvar suas vidas.

O lançamento do relatório no Brasil traz também temas que transcendem os dois países, Colômbia e Brasil, onde a agenda de reconstrução para a Colômbia aponta para a necessidade de processos de justiça de transição e políticas de não repetição que são necessárias também no Brasil, e que incidem e impactam as democracias na América Latina.

Os eventos são abertos à sociedade civil. Interessados também podem acompanhar os debates pela internet, nos canais do Youtube do IRI e da Defensoria Pública.  

Acesse aqui a programação do evento 
Acesse aqui o Relatório Final da Comissão para o Esclarecimento da Verdade Convivência e Não Repetição

Informações para a imprensa: 
(11) 99313-7229



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