Lídia Guajajara, ativista do povo indígina Guajajara, foi uma das palestrantes do segundo dia do XVI Conbrascom

 

O segundo dia do XVI Conbrascom, congresso que reúne assessores de comunicação que atuam no sistema de justiça, foi marcado por painéis e oficinas que ajudaram a ampliar os debates sobre comunicação e democracia, tema do encontro em 2022. A Defensoria Pública do Rio é a sede e uma das organizadoras do evento.

Pela manhã, Aline Midlej, jornalista da GloboNews, e Andréa Pachá, desembargadora e escritora, foram as responsáveis pelo painel “Como fazer prevalecer o interesse público". Mediada pela juíza e presidente da Apamagis, Vanessa Mateus, a palestra discutiu o papel da justiça e da comunicação no Brasil assolado pela desigualdade social.

— É lógico que o papel da justiça é fundamental e que vivemos em uma sociedade em que o conceito de punição e justiça se confundem. Convencer a própria instituição de informar de forma clara e adequada é um dos maiores desafios de vocês, mas que não podemos deixar de isso de lado pois precisamos ser compreendidos pelos mais vulneráveis, que são os que mais precisam do trabalho de vocês! — disse Andréa Pachá.

Nesse sentido, Midlej também complementou reforçando a importância da união entre a comunicação dos órgãos jurídicos e os grandes veículos de imprensa.

— Eu vejo em vocês um portal para o Brasil real, vocês lidam para um Brasil que está se afogando em justiça e sendo negligenciado pela história. É um Brasil que a gente da grande imprensa não consegue alcançar. Minha ideia é diminuir esse ressentimento de uma comunicação incompreendida deste lado. Tenho certeza que o que moveu vocês nessa profissão foi a vontade de contribuir para uma sociedade melhor e mais justa. A justiça é sobre gente, é sobre pessoas — ressaltou a jornalista.

A parte da tarde do segundo dia do evento teve sequência com o painel “Midiativismo, Influenciadores Digitais e as Novas Linguagens de Comunicação”. Participaram como debatedores Lídia Guajajara, ativista do povo indígina Guajajara, e Thainã Medeiros, jornalista e co-fundador do Coletivo Papo Reto.

Guajajara destacou que o trabalho de influenciadora a permite atuar como voz do seu povo, que ainda é retratado de forma folclórica.

— A sociedade tem que entender porque a gente está nas redes sociais. Nos meus perfis, falo da minha cultura, da minha língua. Quanto mais acesso à informação e tecnologia, mais conseguiremos preservar e defender nossa cultura — afirmou a ativista, destacando que o objetivo do trabalho é contar a verdadeira história dos povos indígenas.

Já Medeiros destacou a importância da comunicação estratégica na defesa dos direitos dos moradores de comunidades conflagradas no Rio de Janeiro. Ele citou como exemplo uma audiência pública organizada por ativistas de Direitos Humanos, em 2018, para relatar a ocupação de casas no Complexo do Alemão pelas forças de segurança.

A audiência, que aconteceu na sede da Defensoria Pública do Rio, jogou holofotes para o problema que afligia a todos os moradores da comunidade. O resultado foi a condenação da autoridade policial responsável pela ocupação ilegal.

— Quando a gente comunica algo, é para que a gente não perca aquele direito — destacou.

 

XX Prêmio Nacional de Comunicação e Justiça

Os inscritos no Conbrascom deste ano também participaram de duas oficinas nesse segundo dia de evento. A primeira, sobre Comunicação de Dados, foi ministrada pela jornalista investigativa e de dados Thays Mariana Lavor. A jornalista Isabela Reis foi a responsável pela segunda oficina que falou sobre como criar, manter e distribuir podcasts.

O dia dois do Congresso foi marcado também pela apresentação dos 36 projetos finalistas do XX Prêmio Nacional de Comunicação e Justiça, que este ano tem recorde de concorrentes:  301 inscritos por diferentes instituições do sistema de justiça de todo o País. A premiação em cada uma das 12 categorias será conhecida na noite de sexta-feira (5).

 

Veja as fotos do segundo dia do Conbrascom aqui.



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