.Em uma manhã histórica, a Defensoria Pública do Rio recebeu, pela primeira vez, 52 magistrados e magistradas aprovados no último concurso para realizar um curso de formação imersivo sobre as principais atuações da DPRJ. O encontro, realizado em 29 de julho, teve como objetivo estreitar o diálogo entre o órgão e os novos membros dos Tribunais de Justiça.
Para o defensor público-geral, Rodrigo Pacheco, o encontro é emblemático e simboliza maturidade das Instituições em dialogar em um período em que o sistema de justiça é diariamente atacado.
— Eu agradeço muito esse momento para apresentar a Instituição e mostrar nossa atuação. Os assistidos e assistidas da DPRJ têm histórias, muitas vezes, dramáticas. Quando a pessoa vai até o judiciário é porque ela tem um problema. Tenham certeza de que a DPRJ vai levar a vocês não só a miséria social, mas também talvez os dramas pessoais mais densos que vocês vão encontrar na trajetória como magistrados(as). É preciso ter um olhar atento, empático e cuidadoso com essas pessoas — disse Pacheco.
A desembargadora do Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ) e diretora geral da Emerj, Cristina Gaulia, ressaltou que a importância de ter uma Defensoria Pública fortalecida, pois a Instituição é quem traduz e leva aos Tribunais as dores e vivências dos mais vulneráveis em nossa sociedade.
— Em todos os lugares, em todas as varas, em todas as comarcas, vocês sempre terão que trabalhar com a Defensoria Pública, não existe a menor possibilidade de vocês trabalharem só com advogados. Nós vivemos em um país com uma desigualdade socioeconômica e educacional muito grande, então tratar os(as) defensores(as) públicos(as) como irmãos e irmãs é muito importante porque eles são os tradutores das dores dos mais vulneráveis! — ressaltou Gaulia.
Realizado em parceria com a Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro (EMERJ), o evento contou com a participação de Marinete da Silva, mãe da vereadora Marielle Franco, Luís Sacopã, ativista quilombola, e diversos outros líderes de movimentos sociais que dividiram suas vivências na defesa dos direitos humanos. Eles fizeram um apelo por um sistema de justiça que apoie a luta antirracista.
— A Defensoria do Rio sempre foi nossa aliada nesses últimos quatro anos, desde a morte da minha filha. O que eu posso dizer para os novos magistrados é que o compromisso de vocês é muito grande e que é vital que vocês tenham muito empenho e vontade de realizar mudanças significativas no nosso Estado. É preciso estar atento e compreender as particularidades de cada caso que porque só assim será possível termos um sistema de justiça menos violento, menos racista e mais justo — disse Marinete Franco.
O encontro seguiu com as mesas sobre direito à moradia, desocupações e racismo institucional; direito à saúde; estabelecimentos de privação de liberdade no estado e violência de estado; bem como roda de conversa com a Ouvidoria Externa e os usuários da DPRJ.
Estiveram também presentes no evento o primeiro subdefensor público-geral, Marcelo Leão; a corregedora geral, Kátia Varela; a magistrada e coordenadora do módulo I da formação inicial de juízes, Renata Lima, bem como defensores e defensoras públicas.
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Texto: Jéssica Leal
Fotos: Aurélio Junior