A segurança pública é a pauta de um evento que a Defensoria Pública do Rio de Janeiro (DPRJ) recebe na sua sede administrativa, no Centro. Participam a delegação da União Europeia, liderada pelo embaixador Ignacio Ybanez, assim como representantes da Human Rights Watch, defensores de direitos humanos e integrantes da sociedade civil organizada. 

A agenda começou nesta segunda-feira (28) com uma reunião da delegação com o defensor público-geral, Rodrigo Pacheco, que falou do trabalho desenvolvido pela DPRJ para garantir os direitos fundamentais da população vulnerável no Estado. 

Pacheco destacou a atuação da instituição na Corte Interamericana de Direitos Humanos; os projetos como o Defensoria nas Favelas, criado para facilitar o acesso à orientação jurídica pelos moradores de comunidades; e as iniciativas voltadas para a educação em direitos da população em geral. 

Com relação ao tema segurança pública, o defensor público-geral destacou a importância do diálogo para distensionar a relação entre as instituições envolvidas no tema. Participaram da reunião o 1º defensor público-geral Marcelo Leão; a assessora parlamentar da Defensoria, Maria Carmem Sá; a chefe de gabinete Carolina Anastácio; e o coordenador do Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos(Nudedh), Daniel Lozoya. 

Racismo estrutural

O dia teve sequência com um encontro que contou com a participação de integrantes dos movimentos sociais do Rio. Na ocasião, o embaixador elogiou o trabalho realizado pela Defensoria na luta pelos direitos humanos e explicou que esse tema constitui a pauta central da UE.

— Ficou muito claro que um dos maiores desafios para o Brasil é a questão da segurança pública e o racismo. Hoje estamos aqui para entender e conhecer melhor a realidade de vocês e escutar o que podemos fazer para ajudar no enfrentamento desses problemas. Essa é a primeira reunião de muitas, pois o nosso diálogo precisa ser permanente para podermos  acompanhar os esforços de vocês — ressaltou Ybanez.

O debate foi mediado pelo pesquisador da Human Rights Watch, César Muñoz, que ressaltou a importância do diálogo.  

— Nós da Human Rights acreditamos que é muito importante ajudar a embaixada da União Europeia a fazer esse encontro para conversar sobre as operações nas favelas e a investigação dos casos de violência que acontecem aqui. Essa é uma pauta que merece atenção internacional — destacou.

Na ocasião, os participantes destacaram a influência nociva do racismo estrutural na segurança pública. 

—  A guerra às drogas permite que as pessoas negras sejam colocadas como traficantes e pessoas brancas como mero usuários de drogas — destacou a jornalista Cecília Oliveira, representante do Fogo Cruzado, plataforma digital que registra dados de violência armada. 

— O Brasil continua com práticas escravocratas. Quem paga por isso é a juventude negra — complementou Mônica Cunha, do Coletivo Moleque.

— Eu, assim como tantas outras mães, encontramos um sistema de justiça que parece não se enxergar na gente. Somos mulheres pretas em busca da justiça, mas nunca vamos encontrá-la, justiça seria se pudessem devolver nossos filhos — acrescentou a representante do Coletivo Mães de Manguinhos, Ana Paula Oliveira.

O evento segue nesta terça-feira (29).

Fotos: Matheus Reis
Texto:Jéssica Leal.



VOLTAR