A Defensoria Pública do Rio de Janeiro (DPRJ) vai realizar, por meio da sua Ouvidoria, uma capacitação interna com o quadro de defensoras(es) e servidoras(es) da instituição sobre violência menstrual. A articulação é inspirada no trabalho do grupo Mulheres de Axé do Brasil, que levou a reflexão para a DPRJ e está desenvolvendo uma campanha de solidariedade, conscientização e qualificação focada nos órgãos que atuam na defesa de mulheres adolescentes, privadas de liberdade ou em acolhimento institucional.
A intenção do evento é qualificar a atuação das defensoras(es) e servidoras(es) quanto a atenção que deve ser dada à questão menstrual dentro das penitenciárias femininas e nos setores de maior miséria da sociedade. A capacitação acontecerá pela plataforma Zoom, no dia 8 de outubro, das 14h às 16h.
O grupo Mulheres de Axé do Brasil, criador da campanha, busca em todo o país arrecadações para distribuição de absorventes higiênicos para mulheres privadas de liberdade ou em situação de extrema pobreza, além da capacitação de profissionais de todos os poderes quanto à importância de dar atenção a essa causa. Para a Defensoria, essa é uma temática que tem ligação direta com o direito à dignidade.
O trabalho das Mulheres de Axé do Brasil revela que, em muitos casos, mulheres privadas de liberdade e sem condições financeiras ou ajuda dos familiares, precisam recorrer a meios alternativos para se cuidar durante o período menstrual, o que inclui métodos alternativos que podem fazer mal à saúde. Ao mesmo tempo, nas escolas, existem meninas que deixam de ir a aula por uma semana inteira devido ao ciclo menstrual.
- Grande parte da população brasileira feminina não possui acesso a protetores menstruais e outras formas de garantir a sua saúde básica no período menstrual de forma adequada, recorrendo muitas vezes a métodos pouco seguros para conter o sangue da menstruação. Nesse passo, a total ausência de saneamento e produtos de higiene voltados para o período menstrual para esse segmento da população faz com que esses insumos acabem se tornando artigo de luxo, colocando em risco não apenas a saúde, mas o desenvolvimento social dessas mulheres - disse Vodunsi-hê Ana Rosa Silva, coordenadora nacional da Campanha de Combate à Violência Menstrual das Mulheres de Axé do Brasil.