No dia 6 de setembro, data em que foram completados quatro meses da operação policial que vitimou 28 pessoas no Jacarezinho, familiares das vítimas realizaram uma atividade para reforçar seus laços de coletividade na luta pelo aprofundamento das investigações do caso. O evento, organizado pelas famílias com apoio de Mônica Cunha, liderança do movimento de mães de vítimas da violência de Estado, aconteceu na quadra da escola de samba da comunidade, e contou com a presença de diversas entidades de defesa dos Direitos Humanos, incluindo representantes da Defensoria Pública do Rio de Janeiro (DPRJ).

O encontro foi aberto a moradores da comunidade e contou principalmente com a presença de mães e viúvas das vítimas, que buscam mais informações sobre as investigações do caso. Elas relataram que desde o ocorrido sofrem com atos de intimidação, xingamentos e deboche por parte dos policiais que atuam na comunidade. 

Estiveram presentes no evento representantes da Ouvidoria Geral da DPRJ, do Movimento Moleque, assim como da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), Comissão de Combate à Miséria e Extrema Pobreza da Alerj, Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Pré-Vestibular Comunitário Nica, Movimento Popular de Favelas e Portal Favelas. O ouvidor-geral Guilherme Pimentel ressaltou a importância da presença no evento:

- Foi fundamental para renovar nosso compromisso com essas famílias, com nosso trabalho de acesso à justiça e acolhimento a todas essas pessoas que perderam seus entes queridos em cenas absurdas. 
 
Desde o dia das mortes, policiais que participaram da ação sustentam que todos os moradores mortos reagiram à prisão. Contudo, a vistoria realizada pela ouvidora-geral da DPRJ no mesmo dia aponta indícios de execução. O ouvidor-geral Guilherme Pimentel, um dos primeiros a chegar ao local no dia 6 de maio junto com representantes do Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos (Nudedh) da Defensoria e das comissões de Direitos Humanos da Alerj e da OAB/RJ, pontua que já recebia denúncias desde as 6h30 da manhã daquele dia, e que foi para o local ainda durante a operação. 
 
- Nós fizemos uma documentação de amostragem para revelar que essa operação deveria ser investigada rigorosamente, como qualquer ocorrência com perda de vidas, mas essa pela quantidade de indícios, cenas de arrastamento de corpos, falta de sinais de confrontos, cenas de homicídios, famílias traumatizadas, pessoas tremendo. Uma cena de destruição muito grande - afirmou Guilherme.



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