População LGBT+ e negra também são alvo da iniciativa, feita em parceria com o Instituto Alziras. Relatos podem ser encaminhados em formulário próprio pela internet

 

A Defensoria Pública do Rio e o Instituto Alziras lançaram na última sexta-feira (6)  o Observatório da Intolerância Política. O objetivo é coletar dados sobre os casos de violência e intolerância política, principalmente contra mulheres, ocorridos durante o período eleitoral de 2020 no Estado do Rio de Janeiro e, partir daí, produzir um estudo que colabore para o enfrentamento de um grave problema social, que ainda passa despercebido. Nesta segunda-feira, a Defensoria inicia também uma campanha de conscientização em suas redes sociais para a violência política de gênero.

O trabalho conta com a articulação da Ouvidoria e dos núcleos de defesa das Mulheres (Nudem), da Diversidade Sexual (Nudiversis) e de Combate ao Racismo (Nucora) do órgão. A coleta de dados para o Observatório será feita por meio de questionário, que pode ser preenchido por eleitora/cidadã; candidata ou ativista/militante. Os relatos serão transformados em dados estatísticos, sendo vedado o uso de modo individual, que possa identificar as respondentes. Além do questionário, o formulário também traz informações sobre todos os canais de atendimento da Defensoria, caso haja interesse na assistência jurídica. 

“A criação do Observatório é fruto de uma sugestão do Instituto Alziras à Ouvidoria, para que acompanhássemos de perto o problema da intolerância e violência política nas eleições, em especial contra mulheres, pessoas negras, LGBTs e determinados perfis ideológicos. Como a Defensoria é “instrumento e expressão do regime democrático”, como diz nossa Constituição, aceitamos a sugestão prontamente”, ressalta Guilherme Pimentel, ouvidor-geral da Defensoria.

Para registrar um caso de violência/intolerância política, basta entrar no site da Defensoria (defensoria.rj.def.br) ou acessar o link.  


Campanha

“A política não é apenas um espaço no qual as mulheres estão subrepresentadas. É nela também que muitas mulheres são submetidas à inúmeros ataques que lhes são direcionados simplesmente por serem mulheres, em desrespeito ao seu exercício político, e que devem ser enfrentados desde antes do seu ingresso”, afirma Roberta Eugênio, integrante do Instituto Alziras. Segundo dados do Instituto, para as prefeitas brasileiras, a violência política é a segunda principal barreira para acesso e permanência na política e mais da metade delas indicaram já terem sido vítimas desse tipo de ataque. 

A campanha nas redes sociais contempla dez passos para o enfrentamento dessa violência política, em conjunto com o formulário para a coleta de casos vividos por eleitoras e candidatas. “O objetivo é trazer a importância do combate a essas práticas também para o período eleitoral, quando a violência política é utilizada como estratégia por muitas candidaturas. Como diz o tema a campanha: a violência política é um problema de todos, não apenas das mulheres, e o prejuízo é para a democracia”, sustenta Roberta .



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