ATUALIZADA EM 8/6

A pedido da Defensoria Pública do Rio de Janeiro, foi adiada nesta segunda-feira (8) a reconstituição simulada sobre as condições em que o menino João Pedro Mattos foi morto, no último dia 18. A reconstituição estava prevista, pela Delegacia de Homícidios de São Gonçalo, para acontecer nesta terça-feira, 9 de junho. O Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos (Nudedh) da Defensoria Pública do Rio, que assiste a família de João Pedro Mattos, considerou “prematura” a realização da reprodução.  

— A reprodução simulada deve ser a etapa final da apuração. Além disso, não nos foram entregues todos os laudos periciais, como o de confronto balístico e as perícias nas armas usadas pelos policiais — afirma a defensora Livia Casseres.  

O coordenador e o subcoordenador do Nudedh, os defensores Fábio Amado e Daniel Lozoya, assim como as defensoras do núcleo Lívia Casseres e Carla Vianna acompanharam, na segunda, terça e quarta-feiras da semana passada, os depoimentos, por videoconferência, dos pais e da tia de João Pedro e de cinco adolescentes que estavam na casa no momento em que o menino foi baleado, nas costas, por um tiro de fuzil. 

Segundo disseram as testemunhas que estavam presentes na casa no momento em que João Pedro foi atingido, nos depoimentos ao Ministério Público Estadual e ao MInistério Público Federal, não havia ninguém mais na residência além deles.  A afirmação contraria o que haviam informado os policiais civis, na delegacia, sobre a suposta presença de criminosos escondidos no imóvel.  

— Os jovens foram unânimes em afirmar que não havia outras pessoas na casa — ressaltou Daniel Lozoya. 

A Defensoria responderá, no prazo assinado, à solicitação para que se realize a reprodução simulada.

— O caminho lógico é que essa fase só aconteça depois de ouvidos os policiais — insistiu a defensora Carla Vianna.

A defensora Livia Casseres complementou:

— Há provas técnicas já disponíveis, elementos não testemunhais, que nos fornecem indícios objetivos contrários aos depoimentos dos policiais e tais fatos têm de ser mais bem apurados — argumentou. 

Outro problema identificado na condução do caso pela delegacia é relativo ao depoimento de uma das adolescentes que estava na casa quando os policiais civis entraram.  A menina, que tem menos de 18 anos, prestou depoimento sem acompanhamento de um representante legal.

Além disso, as granadas que foram recolhidas no local em que João Pedro foi baleado estavam íntegras e foram entregues na delegacia a um dos policiais envolvidos para que esse fizesse o material chegar à perícia. 

Causou estranheza aos defensores do Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos também que só tenham sido encontrados na casa três estojos de munição 9mm e uma pistola de mesmo calibre, mas nenhum estojo de fuzil, armas usadas pelos policiais civis. 

O Nudedh lamentou que o episódio tenha sido objeto de fake news nas redes sociais, com a utilização da imagem de João Pedro e de mentiras sobre o menino e familiares.



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