A Defensoria Pública do Rio de Janeiro (DPRJ) encaminhou, nesta segunda-feira (4), ofício para requisitar esclarecimentos sobre as condições do estoque de medicamentos do Hospital Municipal Ronaldo Gazolla. Assinado pelo Núcleo de Fazenda Pública e pela Coordenadoria de Saúde e Tutela Coletiva da instituição, o documento foi enviado à Secretaria de Saúde do município e à empresa pública Rio Saúde.
Segundo denúncias publicadas na imprensa, o hospital, que é referência no tratamento do novo coronavírus, estaria com falta dos medicamentos Midazolan e Fentanil, indispensáveis para pacientes sedados e em terapia intensiva. Com o ofício, a DPRJ busca solucionar extrajudicialmente os litígios levando em consideração a importância do Ronaldo Gazolla neste período de pandemia.
O documento solicita confirmação das condições do estoque do hospital para saber se e quando o mesmo chegou ao estado crítico ou de esvaziamento total. A Defensoria Pública também requisita informações sobre as quantidades desses medicamentos e de respiradores mecânicos cedidos ou emprestados para os hospitais de campanha do Rio Centro, as medidas de gestão adotadas para regularizar o estoque em tempo hábil e o cronograma de abastecimento desses insumos.
A Defensoria também pediu o fornecimento da listagem de medicamentos, insumos e materiais médico-hospitalares que compõem a grade hospitalar e cópia do livro e das avaliações de óbitos dos últimos 15 dias.
– É no mínimo preocupante a notícia de que medicamentos e respiradores sejam retirados de um hospital público que já deveria estar em pleno funcionamento para atendimento exclusivo de pacientes com suspeita ou diagnóstico de CoVid -19 para viabilizar a operação de um hospital de campanha que, diga-se passagem, viria para suplementar a rede própria e não para substituí-la. A conduta sinaliza para uma grave desorganização da rede planejada pelo próprio município – destacou a defensora Thaísa Guerreiro, coordenadora de saúde e tutela coletiva da DPRJ.
– A crise na saúde em decorrência da pandemia apenas poderá ser superada com a conjunção de esforços, planejamento e recursos. Após enfrentarmos graves obstáculos para a ampliação de leitos de Uti, é inconcebível que pessoas que finalmente acessaram esses leitos, venham a óbito pela falta de medicamentos imprescindíveis para conferir conforto para pacientes que estão graves e precisam ser mantidos sedados. A Defensoria questiona se a falta desses medicamentos pode acarretar o bloqueio indevido de leitos, tão escassos na rede – acrescentou a defensora Alessandra Nascimento, subcoordenadora de saúde e tutela coletiva da DPRJ.