“Hoje a palavra é gratidão. Gratidão por estarmos superando esse momento tão difícil, por estarmos aqui celebrando, por estarmos aqui reassumindo nosso compromisso com a luta por aqueles mais vulneráveis”. No dia 19 de maio, a fala do 1º subdefensor público-geral do Rio de Janeiro, Marcelo Leão, resume o sentimento expressado no “Encontro do mês da Defensoria Pública”, realizado em comemoração ao Dia da Instituição e do(a) defensor(a) público(a).
O evento virtual, transmitido através do Facebook e do canal do Youtube da Defensoria Pública do Rio de Janeiro (DPRJ), foi uma das formas de reverenciar os trabalhadores da instituição que, no último ano, se desdobraram para manter o acesso à justiça mesmo diante do avanço da pandemia, como pontuou o defensor público-geral, Rodrigo Pacheco, “Quando muitas instituições colapsaram, fecharam totalmente suas portas, a Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro não parou nenhum minuto”.
Foram apresentados vídeos com depoimentos da equipe da Defensoria, além de assistidos(as) que foram atendidos(as) neste último ano. Além do subdefensor e do defensor público-geral, a mesa de abertura contou com a presença da segunda subdefensora pública-geral, Paloma Lamego; da corregedora-geral Katia Varela; da presidenta da Associação das Defensoras e Defensores públicos (ADPERJ), Andréa Sena; da vice-presidente da Associação das Servidoras e Servidores da DPRJ, Marina Vilar; e do ouvidor-geral, Guilherme Pimentel.
Guilherme reforçou a importância do trabalho da DPRJ durante o último ano. “Hoje é um dia emocionante não só para a Defensoria Pública, mas para toda a sociedade civil que luta por acesso à justiça e por direitos de alguma forma”, afirmou. A corregedora-geral Katia Varela também parabenizou todas e todos que integram a Defensoria. "Parabéns pelo empenho e esforço nesse momento desafiador para continuar prestando, de forma eficiente e de qualidade, assistência jurídica aos mais vulneráveis", disse Katia.
Já a presidente da ADPERJ, Andréa Sena, pontuou que o Dia da Defensoria representa o despertar de um sentimento de amor. “Representa o quão gratificante é ter uma profissão que nos proporciona atos diários de expressão do mais puro amor ao próximo, de construção de uma sociedade mais justa, de reafirmação da tão abalada democracia, da fragilizada liberdade e da luta contra as desigualdades”, concluiu.
O evento, que ocorreu após a inauguração da placa em homenagem ao trabalho prestado por todos(as) os(as) envolvidos(as) na Defensoria durante a pandemia, ainda contou com a apresentação do anuário da instituição, com os dados de transparência da sua atuação no último ano. Paloma Lamego, responsável por apresentar o conteúdo, pontuou em especial esse trabalho em conjunto feito por todos os órgãos e setores.
- A gente viveu um ano em que as vulnerabilidades ficaram ainda mais fortemente presentes, as diferenças sociais ficaram ainda maiores e a Defensoria se dispôs a cumprir o seu papel. Para isso a gente precisou que cada um de nós se comprometesse com esse trabalho apesar de todas as dificuldades que estivéssemos vivendo nesse momento - ressaltou Paloma.
Desafios na pandemia
A psicanalista e colunista da Folha de S. Paulo, Vera Iaconelli, foi a convidada para a palestra do encontro, que teve como tema os “Desafios na pandemia”. Ao destacar o momento de vulnerabilidade social agravado pela maior crise sanitária dos últimos 100 anos, ela explicou que a perda de direitos e a dificuldade no acesso à justiça contribuem para a formação de uma sociedade em que nem todos são considerados cidadãos, e ressaltou que o trabalho da Defensoria gira em torno de inverter essa lógica excludente.
Segundo ela, o grande diferencial da instituição é não só trabalhar para promover o acesso à justiça para todos, mas sobretudo reconhecer as dificuldades enfrentadas por cada grupo social e buscar maneiras de reduzi-las.
- Uma coisa é o direito, e o direito nós temos. Os defensores e defensoras estão aí para falar para as pessoas que não importa o quão pobres, o quão negras, o quão periféricas, o quão mulheres elas são. Elas têm direitos, são cidadãos e cidadãs. Mas não é só isso, porque isso está previsto na lei. É a forma como se faz isso. O que está na gratidão (dos assistidos e assistidas) é a forma como você são capazes de trazer isso para essas pessoas - ressaltou Vera Iaconelli, antes de concluir:
- Faz toda diferença para a saúde mental de uma pessoa ser reconhecida no seu sofrimento, encontrar algum nível de justiça, encontrar alguém com quem possa compartilhar. Na hora em que se reconhece, você está diante de dois seres humanos, e ser reconhecido tem um efeito profundamente terapêutico.
Reveja o encontro aqui.
Texto: Igor Santana e Fernanda Vidon.