“Quem somos? Essa é a pergunta que desejamos fazer a todos os profissionais da Defensoria Pública do Rio para que tenhamos um diagnóstico oficial sobre as relações raciais na nossa instituição e sobre a percepção do racismo no cotidiano e nas relações de trabalho da Defensoria”. A fala da coordenadora de Promoção da Equidade Racial (Coopera), Livia Casseres marcou o início do webinar e da pesquisa que revelará o mapa étnico-racial da DPRJ. O questionário que irá compor o censo já está disponível para todos os colaboradores da instituição, na página de abertura da área do acesso restrito.
 
Batizado de “Primeiro Censo Étnico Racial da DPRJ: Quem Somos?”, o evento ocorreu nesta segunda-feira (22), dia seguinte ao que se comemora o Dia Internacional contra a Discriminação Racial. Foram convidados para a mesa de abertura, além da Defensora Livia Casseres, a 2ª Subdefensora pública-geral, Paloma Lamego; a Coordenadora do Núcleo de combate ao racismo e à discriminação étnico-racial (Nucora), Daniele Silva; a Presidenta da Associação dos Defensores Públicos do Estado do Rio de Janeiro (ADPERJ), Andrea Senna; o Presidente da Associação dos Servidores da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro (ASDPERJ), Gustavo Belmonte.

Para apresentar e debater a importância da iniciativa, forma convidados: a servidora e integrante do Grupo de Trabalho de Monitoramento das Políticas Institucionais de Promoção da Equidade Racial, Andreia Fernandes; o Coordenador Executivo do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (CEERT), Daniel Teixeira; e a Defensora Pública da Bahia, Vanessa Lopes.

Vanessa comentou que a Defensoria da Bahia já concretizou seu primeiro censo e se prepara para fazer uma segunda etapa. Relatou, ainda, que ao iniciar o mapeamento, foram lançadas dúvidas sobre o motivo da iniciativa. Isso é fruto, na opinião dela, da crença de que uma seleção objetiva, como o concurso público, não teria razões para gerar discussões sobre a pertença racial dos aprovados, pois usa critérios técnicos para aprovação. No entanto, a falta de pessoas negras nesse espaço dificulta ainda mais a conversa com os assistidos, que são em sua maioria negros.

 - O problema é que, ao lado desses estudos sobre serviço público, a gente tem outros tipos de estudo de ciências sociais que vão dizer para a gente que a representação e o pertencimento étnico-racial das pessoas afetam o modo como cada um se enxerga no mundo e desempenha seu trabalho. Então como a gente pode organizar um trabalho adequado à demanda desse público se a gente não tem a percepção da diferença que a clivagem racial provoca nessa relação? - refletiu Vanessa.

 Isso se reflete também na fala da Coordenadora do Nucora, Daniele Silva, que colocou a escuta da sociedade civil como ponto de partida para a formulação do censo. Para ela, o mapeamento irá expor a falta de representatividade de pessoas negras na Instituição; e, somente encarando essa realidade, a Defensoria poderá dar continuidade a novos diálogos sobre equidade racial na instituição.
 
- Essa é uma iniciativa louvável porque a Defensoria Pública, enquanto instituição, visa quebrar os entraves da inclusão social.  É o nosso principal foco. E o racismo é um grande entrave a essa inclusão na nossa sociedade. Esse comprometimento da DPRJ é de extrema importância - pontuou a servidora Andreia Fernandes.

 - Sabemos que as relações raciais e o racismo atravessam todos os cargos, hierarquias, posições e funções na Defensoria, e também atravessa a função final que a gente exerce para o usuário. Por isso a importância de pensar no porque a Defensoria precisa trabalhar e enfrentar essa realidade para ser capaz de prestar um serviço de acesso à justiça mais democrático - concluiu Livia Casseres.

 

Texto: Igor Santana



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